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História do Brasil

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compostas por brancas pobres, mestiços, negros livres e<br />

escravos e militares de baixa patente.<br />

As posições radicais dessas forças populares contra a<br />

aristocracia rural, a não obediência as ordens de<br />

coman<strong>do</strong>, a radicalização <strong>do</strong>s negros e mestiços que em<br />

protestos ameaçavam matar a população branca <strong>do</strong><br />

Recife, bem como a ideia de abolir a escravidão,<br />

defendida por alguns lideres, amedrontaram a elite<br />

latifundiária, que, por isso, retirou o apoio a revolução.<br />

A classe <strong>do</strong>minante temia que acontecesse no Nordeste o<br />

sucedi<strong>do</strong> vinte anos antes no Haiti, onde os negros<br />

lideraram o movimento de independência e assumiram o<br />

controle <strong>do</strong> poder político. Além disso, perder a mão-deobra<br />

escrava ser-lhe-ia extremamente prejudicial.<br />

O aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> movimento pelas elites rurais e ate por<br />

alguns de seus líderes, como os próprios Pais de<br />

Andrade, facilitou a vitória <strong>do</strong> governo central.<br />

A repressão oficial foi montada com ajuda militar<br />

externa e com o empréstimo de 1 milhão de libras<br />

esterlinas pela Inglaterra. Por terra e por mar seguiam as<br />

forcas da repressão. O brigadeiro Lima e Silva e o<br />

almirante Cochrane tinham ordens expressas de aniquilar<br />

o movimento. A tomada de Recife pelas tropas oficiais<br />

foi marcada por extrema violência, com saques e<br />

incêndio de grande parte das casas e massacre<br />

indiscrimina<strong>do</strong> da população.<br />

Alguns rebeldes, sob a liderança de frei Caneca,<br />

continuaram resistin<strong>do</strong>. Uma nova invasão militar<br />

revolucionária partiu de Olinda para juntar se aos<br />

rebeldes <strong>do</strong> Ceará, encontro, esse que, alias não<br />

aconteceu.<br />

Finalmente cansa<strong>do</strong>s e impossibilita<strong>do</strong>s de continuar a<br />

luta, os homens de frei Caneca se renderam e foram<br />

presos.<br />

“Abate-se sobre os venci<strong>do</strong>s o peso da majestade<br />

ofendida. Começa o tribunal militara sua missão (...). As<br />

execuções D. Pedro mostrou-se inexorável - vêm<br />

aumentar o quadro <strong>do</strong> martirológico nordestino na luta<br />

pela liberdade. Não houve apelo que o monarca<br />

atendesse, mostran<strong>do</strong>-se ate mesmo irrita<strong>do</strong> com a sua<br />

repetição.”<br />

Vários lideres foram condena<strong>do</strong>s a morte, inclusive frei<br />

Caneca. Corno as autoridades no conseguiram um único<br />

carrasco que se dispusesse a enforcá-lo, frei Caneca foi<br />

fuzila<strong>do</strong>.<br />

O governo imperial mais uma vez mostrava<br />

incompetência no trato com os problemas sociais e<br />

econômicos <strong>do</strong> país, e para esconder sua incompetência<br />

procurava impor se pelo autoritarismo repressivo e<br />

violento.<br />

Abdicação: fatores determinantes Crise politicoeconômico-financeira<br />

D. Pedro I abdicou (renunciou) ao trono <strong>Brasil</strong>eiro em 7<br />

de abril de. 1831, força<strong>do</strong> pela conjuntura politico<br />

econômico-financeira, em grande parte, por ele mesmo.<br />

Já vimos que o jovem monarca sempre se mostrou<br />

incompetente para solucionar Os problemas <strong>do</strong> país,<br />

principalmente no plano econômico é bem verdade que h<br />

crise econômica e financeira <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> precede o governo<br />

de Pedro I. A época da independência, os principais<br />

produtos de exportação <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, o açúcar e o algodão,<br />

perdiam merca<strong>do</strong>, dada a concorrência internacional.<br />

A realidade é que, a partir da abertura <strong>do</strong>s portos e,<br />

especialmente, a partir <strong>do</strong>s trata<strong>do</strong>s de 1810. A balança<br />

comercial brasileira apresenta sempre deficitária, pois as<br />

importações superavam em muito as exportações.<br />

Essa situação se agravou após a independência devi<strong>do</strong> à<br />

desastrosa política econômico financeira <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r.<br />

Caracterizada por empréstimos externos e pelos<br />

investimentos feitos em setores cujo retorno de capital<br />

não era compensa<strong>do</strong>r.<br />

A partir de 1824 avolumavam-se os empréstimos<br />

externos, o que provocava graves perturbações na vida<br />

nacional. Naquele ano D. Pedro I conseguira uma parcela<br />

de 1 milhão de libras esterlinas de um total de 3 milhões<br />

pedi<strong>do</strong>s a Inglaterra. O dinheiro em vez de ser aplica<strong>do</strong><br />

em setores produtivos para amenizar a crise, foi usa<strong>do</strong><br />

para montar a repressão a Confederação <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r.<br />

Em 1825 outro empréstimo, de 2 milhões de libras, foi<br />

feito para pagar a D. João VI pets reconhecimento da<br />

independência brasileira. Ainda nesse ano o impera<strong>do</strong>r<br />

recebeu a segunda parcela <strong>do</strong> empréstimo feito em 1824.<br />

Os restantes 2 milhões de libras foram usa<strong>do</strong>s para<br />

reprimir a luta de independência da Província Cisplatina.<br />

D. Pedro I envolvia o <strong>Brasil</strong> numa guerra inútil e<br />

dispendiosa com os nacionalistas uruguaios e com a<br />

Argentina, que os apoiava.<br />

Finalmente, em 1828, a Inglaterra, que estava interessada<br />

no livre comércio na região platina, pressionou o <strong>Brasil</strong> a<br />

reconhecer a independência da Cisplatina, que passou a<br />

se chamar República Oriental <strong>do</strong> Uruguai.<br />

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