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História do Brasil

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XIII – A DITADURA MILITAR<br />

(1964 – 1985)<br />

Uma semana depois da vitória <strong>do</strong> movimento militar de<br />

1964, o denomina<strong>do</strong> Alto Coman<strong>do</strong> Revolucionário<br />

editou o Ato Institucional nº 1.<br />

Pelos dispositivos desse ato, caberia ao Congresso<br />

Nacional eleger o novo presidente, que completaria o<br />

mandato até 1966 (na prática, ele permaneceu até 1967).<br />

Definiram-se ainda a suspensão de direitos políticos, a<br />

cassação de mandatos de parlamentares comprometi<strong>do</strong>s<br />

com o governo Goulart e a intervenção governamental na<br />

União Nacional <strong>do</strong>s Estudantes (UNE) e nos sindicatos.<br />

O Ato Institucional é um <strong>do</strong>cumento que se sobrepõe à<br />

Constituição, isto é, passa a ter maior força <strong>do</strong> que ela.<br />

Segun<strong>do</strong> o Dicionário de Ciências Sociais, publica<strong>do</strong><br />

pela Fundação Getúlio Vargas, “os atos institucionais<br />

foram o instrumento jurídico de natureza excepcional de<br />

que se valeram as autoridades militares brasileiras para<br />

formalizar as diversas medidas que houveram por bem<br />

tomar em contrário à ordem constitucional vigente.”<br />

A respeito <strong>do</strong> golpe, o sociólogo Herbert de Souza<br />

afirmou:<br />

“Em 1964, a nação recebeu um tiro no peito. Um tiro que<br />

matou a alma nacional. Os personagens que pareciam<br />

fazer parte da história natural brasileira, ou da <strong>História</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> como nós imaginávamos, esses personagens<br />

sumiram. Ou fora <strong>do</strong> poder, ou presos e mortos. E em<br />

seu lugar surgiram outros, que eu nunca sequer percebera<br />

existir. Aí me veio à percepção clara de que o <strong>Brasil</strong><br />

tinha muda<strong>do</strong> para sempre.”<br />

In: BARROS. Edgard Luiz de. Os governos militares. São Paulo: Contexto, 1991.<br />

p. 13.<br />

Foi “eleito” presidente o marechal Humberto de Alencar<br />

Castello Branco. Em seu perío<strong>do</strong>, novos atos<br />

institucionais foram decreta<strong>do</strong>s. Assim, em 1965, o AI-2<br />

estabeleceu a extinção <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s políticos existentes e<br />

as eleições indiretas, agora em definitivo, para a<br />

presidência da República.<br />

Pela Lei Orgânica <strong>do</strong>s Parti<strong>do</strong>s, promulgada em seguida,<br />

definiram-se as normas para a criação de novos parti<strong>do</strong>s,<br />

sen<strong>do</strong> que apenas <strong>do</strong>is puderam ser articula<strong>do</strong>s: a<br />

ARENA (Aliança Renova<strong>do</strong>ra Nacional) e o MDB<br />

(Movimento Democrático <strong>Brasil</strong>eiro), o primeiro sen<strong>do</strong> o<br />

sustentáculo <strong>do</strong> governo e o segun<strong>do</strong>, de oposição,<br />

porém dentro de estreitos limites e consentida.<br />

Pelo Al-3, elabora<strong>do</strong> em 1966, determinou-se que as<br />

eleições para governa<strong>do</strong>res de esta<strong>do</strong>s e prefeitos de<br />

capitais seriam indiretas. O Al-4 estabeleceu a forma de<br />

ser votada a nova Constituição, o que foi feito em 1967.<br />

Para ter o controle sobre os opositores <strong>do</strong> regime, Criouse<br />

O Serviço Nacional de Informações (SNI), que se<br />

tornou um <strong>do</strong>s órgãos mais poderosos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> militar.<br />

As ideias fundamentais para legitimar a nova situação<br />

foram buscadas na Escola Superior de Guerra, criada ao<br />

final da década de 40 <strong>do</strong> século XX e que formulara a<br />

“<strong>do</strong>utrina de segurança nacional”.<br />

Em relação ao conceito de segurança, o historia<strong>do</strong>r<br />

Eval<strong>do</strong> Vieira escreveu:<br />

“O conceito de segurança nacional mu<strong>do</strong>u durante a<br />

década de 50, conforme se verifica nos Regulamentos de<br />

1949 e de 1954 da referida Escola. No início, uma guerra<br />

total entre o Ocidente e o Oriente conduziria a uma<br />

aliança entre os países ocidentais, lidera<strong>do</strong>s pelos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, visan<strong>do</strong> combater o comunismo.<br />

Principalmente com a Guerra da Coréia, nos anos 50,<br />

acrescentou-se outra hipótese de guerra: a <strong>do</strong> ‘inimigo<br />

interno’, na qual o comunismo aparece como<br />

manipula<strong>do</strong>r e incentiva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s conflitos sociais<br />

presentes na sociedade brasileira.”<br />

VIEIRA, Eval<strong>do</strong>. A República brasileira. 1964-1984. São Paulo: Moderna, 1985.<br />

p. 17.<br />

A 15 de março de 1967 assumiu a presidência um novo<br />

general, Artur da Costa e Silva, que governaria até 1969.<br />

Esse perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> por uma crescente reação ao<br />

regime autoritário, que mobilizou amplos setores da<br />

sociedade e até mesmo políticos que haviam apoia<strong>do</strong> o<br />

golpe de 64 na expectativa de que este fosse apenas<br />

“uma intervenção cirúrgica” destinada a afastar <strong>do</strong><br />

governo um presidente que, embora legalmente<br />

constituí<strong>do</strong>, representava uma “ameaça” à ordem<br />

constitucional.<br />

Para muitos <strong>do</strong>s segmentos da classe política que apoiara<br />

a ação militar, já em 1967 havia fica<strong>do</strong> claro que o<br />

projeto <strong>do</strong>s militares era de longo prazo. Foi nesse<br />

contexto que surgiu a Frente Ampla, formada por JK e<br />

Carlos Lacerda, entre outros, que procurou se articular,<br />

inclusive, com o ex-presidente João Goulart. Tratou-se,<br />

assim, de uma tentativa de se organizar uma oposição<br />

política ao regime militar. Este, no entanto, reagiu<br />

prontamente, decretan<strong>do</strong> a ilegalidade da Frente Ampla.<br />

No governo <strong>do</strong> general Costa e Silva, particularmente ao<br />

longo de 1968, observou-se uma contestação<br />

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