História do Brasil
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A Revolução de 1930<br />
Em março de 1830, as eleições sagraram vence<strong>do</strong>res os<br />
candidatos da situação, Júlio Prestes e o vice Vital<br />
Soares, O resulta<strong>do</strong>, porém, foi contesta<strong>do</strong> pela Aliança<br />
Liberal. Sem acor<strong>do</strong> político possível sobre como agir<br />
diante desse resulta<strong>do</strong>, a Aliança se dividiu e alguns<br />
alia<strong>do</strong>s de Vargas recusaram-se a aceitar a derrota<br />
eleitoral, claman<strong>do</strong> por uma revolução que restaurasse a<br />
moralidade republicana.<br />
O assassinato de João Pessoa serviu como pretexto<br />
politico para o movimento arma<strong>do</strong>. Mineiros, gaúchos,<br />
paraibanos e simpatizantes da candidatura Vargas em<br />
outras localidades brasileiras passaram à mobilização<br />
armada, que acabou por derrubar o presidente em<br />
exercício, Washington Luis, em outubro de 1830. O<br />
movimento que conduziu Vargas ao poder ficou<br />
tradicionalmente conheci<strong>do</strong> como Revolução de 1330.<br />
O Governo Provisório e a centralização <strong>do</strong> poder<br />
Conduzi<strong>do</strong> ao poder em caráter provisório, Vargas<br />
tomou uma série de decisões centraliza<strong>do</strong>ras que<br />
repercutiram na economia e na política <strong>do</strong> país, como a<br />
aplicação de medidas de proteção <strong>do</strong> setor cafeeiro [<strong>do</strong>c.<br />
2] a suspensão temporária das eleições, a dissolução <strong>do</strong><br />
Congresso Nacional e <strong>do</strong>s legislativos estaduais e<br />
municipais e o estabelecimento <strong>do</strong> Decreto nº 18.77O,<br />
que estabelecia regras para o funcionamento <strong>do</strong>s<br />
sindicatos e os tornava dependentes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />
Durante o Governo Provisório, os interventores, homens<br />
de confiança indica<strong>do</strong>s pelo presidente, substituíram os<br />
governa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s. Para o governo de São Paulo,<br />
foi designa<strong>do</strong> o interventor João Alberto, militar não<br />
paulista. A decisão desapontou não só diferentes setores<br />
da burguesia paulista, adversários declara<strong>do</strong>s de Vargas,<br />
mas também os membros <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Democrático, o PD,<br />
funda<strong>do</strong> em 1826 em oposição ao tradicional Parti<strong>do</strong><br />
Republicano Paulista, o PRP o PD, que inicialmente<br />
havia apoia<strong>do</strong> Getúlio Vargas, sentiu-se traí<strong>do</strong> pelo<br />
governante, uma vez que havia um acor<strong>do</strong> para que o<br />
paulista Francisco Morato assumisse a direção de São<br />
Paulo.<br />
João Alberto demitiu-se <strong>do</strong> cargo em virtude <strong>do</strong> aumento<br />
da pressão interna <strong>do</strong>s democratas e <strong>do</strong>s republicanos<br />
paulistas. Entre novembro de 1831 e fevereiro de 1832,<br />
formou-se, então, a Frente Única Paulista (FUP), que<br />
reunia membros <strong>do</strong> PD e <strong>do</strong> PRP e se opunha ao<br />
fortalecimento <strong>do</strong> poder central. São Paulo concentrou o<br />
maior foco de reação contra o governo varguista. Mas<br />
também se formaram frentes únicas nos esta<strong>do</strong>s de<br />
Minas Gerais e Rio Grande <strong>do</strong> Sul, que se voltaram<br />
contra a excessiva centralização político-administrativa e<br />
pela volta de um regime constitucional para a nação.<br />
No inicio de 1832, o movimento radicalizou-se em São<br />
Paulo após a morte de estudantes durante uma<br />
manifestação popular. Formou-se, então, o movimento<br />
MMDC (sigla composta pelas iniciais <strong>do</strong>s sobrenomes de<br />
quatro <strong>do</strong>s estudantes mortos: Martins, Miragaia,<br />
Oráusio e Camargo), que mobilizou amplos setores<br />
paulistas à revolta [<strong>do</strong>c, 3].<br />
Cartão-postal de 1932 que homenageia o MMDC sigla com as iniciais <strong>do</strong>s nomes<br />
da quatro estudantes mortos na revolta paulista de 1932. FGV. Rio de Janeiro.<br />
A Politica <strong>do</strong> Café<br />
“O governo Vargas não aban<strong>do</strong>nou nem poderia<br />
aban<strong>do</strong>nar o setor cafeeiro. [...] Um decreto de fevereiro<br />
de 1931 estabeleceu que o governo federal compraria<br />
to<strong>do</strong>s os estoques existentes no pais em 30 de junho de<br />
1931 ao preço mínimo de 60 mil-réis, com exceção <strong>do</strong>s<br />
cafés adquiri<strong>do</strong>s por São Paulo. [..] Mas o problema de<br />
fun<strong>do</strong> subsistia: que fazer com parte <strong>do</strong>s estoques atuais<br />
e futuros que não encontravam colocação no merca<strong>do</strong><br />
internacional? A resposta surgiu em julho de 1931: O<br />
governo compraria o café com a receita derivada <strong>do</strong><br />
imposto de exportação, e <strong>do</strong> confisco cambial, ou seja,<br />
de uma parte da receita das exportações, e destruiria<br />
fisicamente uma parcela <strong>do</strong> produto. Tratava assim de<br />
reduzir a oferta e sustentar os preços. [..] A destruição <strong>do</strong><br />
café só terminou em julho de 1944. Em treze anos, foram<br />
elimina<strong>do</strong>s 78,2 milhões de sacas, ou seja, uma<br />
quantidade equivalente ao consumo mundial de três<br />
anos,”<br />
FAUSTO, Boris. <strong>História</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. 2. ed. São Paulo: Edusp/ Fundação <strong>do</strong><br />
Desenvolvimento da Educação, 1995. p. 333 - 334<br />
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