História do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
autonomia para a implantação de um projeto de<br />
desenvolvimento com justiça social.”<br />
PINHEIRO, Letícia. Política externa brasileira (1889-2002). Rio de Janeiro: Jorge<br />
Zahar, 2004. p. 68.<br />
QUESTÕES<br />
Com relação à atual situação <strong>do</strong> país, responda.<br />
a) Quais são as perspectivas para o futuro <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>?<br />
Quais são os problemas a serem enfrenta<strong>do</strong>s?<br />
b) Explique o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> último parágrafo <strong>do</strong> texto:<br />
“espera-se que o ‘país <strong>do</strong> futuro’ seja agora”. A que ideia<br />
essa frase remete?<br />
TEXTO 1 - A POLÍTICA EXTERNA<br />
INDEPENDENTE: 1961-1964<br />
Nilo Odália<br />
O texto a seguir representa parte de um trabalho <strong>do</strong><br />
professor Nilo Odália, intitula<strong>do</strong> O <strong>Brasil</strong> nas Relações<br />
Internacionais: 1945-1964. Ele foi incluí<strong>do</strong> em uma<br />
coletânea de textos que pro curou analisar a formação<br />
histórica <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> em perspectivas diversas. Publicada<br />
pela primeira vez em 1968, essa coletânea foi<br />
denominada <strong>Brasil</strong> em Perspectiva e teve como<br />
organiza<strong>do</strong>r o historia<strong>do</strong>r Carlos Guilherme Mota. Nilo<br />
Odália buscou a compreensão das mudanças que<br />
ocorreram no campo das relações internacionais durante<br />
o perío<strong>do</strong> compreendi<strong>do</strong> entre o final da Segunda Guerra<br />
Mundial e o golpe de 1964.<br />
Enquanto você lê o texto, procure refletir sobre a<br />
seguinte questão:<br />
• A política externa poderia ser apontada como um <strong>do</strong>s<br />
fatores que propiciaram a eclosão <strong>do</strong> golpe de março de<br />
1964? Justifique.<br />
O perío<strong>do</strong> que se inicia com o final da Segunda Guerra<br />
Mundial e se estende até o movimento arma<strong>do</strong> de 1964<br />
apresenta, no que tange às relações exteriores, grande<br />
interesse. No seu decorrer, percebe-se a lenta maturação<br />
de uma consciência nacional voltada para os problemas<br />
específicos <strong>do</strong> país. (...)<br />
De 1945 a 1955, o elemento característico de nossa<br />
política exterior é sua despersonalização; a longa<br />
permanência da ditadura impossibilitara a formação de<br />
uma opinião pública, cônscia <strong>do</strong>s problemas nacionais e<br />
internacionais da nação; a tutela ditatorial condicionara<br />
integralmente a opinião pública, servin<strong>do</strong>-lhe os pratos<br />
que desejava, de maneira a impedir que a ela chegassem<br />
os fatos que lhe possibilitassem compreender a<br />
verdadeira realidade nacional e como ela se inseria no<br />
cenário internacional. (...)<br />
(A formação de uma opinião pública) começa a ocorrer<br />
no governo de Getúlio Vargas, quan<strong>do</strong> da campanha pela<br />
criação <strong>do</strong> monopólio estatal <strong>do</strong> petróleo. (...) À medida<br />
que o debate se amplia e aprofunda consegue galvanizar<br />
grandes extensões da opinião pública, abrin<strong>do</strong>-lhes novas<br />
perspectivas para a compreensão <strong>do</strong>s problemas<br />
nacionais, O petróleo é apenas um tema em torno <strong>do</strong> qual<br />
se agitam outros problemas de ordem política (formas de<br />
direção da coisa pública, experiência de outros países,<br />
etc.) e econômica (nacionalismo econômico, etc.) que<br />
permitem ao povo sentir pela primeira vez o esta<strong>do</strong> real<br />
de dependência em que se encontra o país em relação às<br />
potências <strong>do</strong>minantes. (...)<br />
A campanha presidencial de Jânio Quadros traz como<br />
novidade não limitar o debate aos problemas internos,<br />
mas tentar, em função destes, reformular nossa<br />
concepção de relações externas. (...) O desenvolvimento<br />
econômico não deveria ser alcança<strong>do</strong>, unilateralmente,<br />
através de um franqueamento abusivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
interno aos capitalistas estrangeiros, mas por intermédio<br />
de uma ‘maior participação <strong>do</strong> país no comércio<br />
internacional, melhoran<strong>do</strong> gradativamente os termos de<br />
troca de nossos produtos primários ou industrializa<strong>do</strong>s.<br />
Para tanto, impõe-se ‘uma posição de equidistância <strong>do</strong>s<br />
blocos que se empenham na guerra fria e a clara<br />
consciência de que os problemas <strong>do</strong> país se confundem<br />
com os problemas <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>, a<br />
saber: vencer o subdesenvolvimento, através da<br />
industrialização intensiva, valorização <strong>do</strong>s termos de<br />
troca de suas matérias-primas, lutar pelo desarmamento<br />
geral, de maneira a permitir que os capitais libera<strong>do</strong>s da<br />
corrida armamentista possam ser aplica<strong>do</strong>s na luta pelo<br />
desenvolvimento, reconhecer que, ao encampar os<br />
temores de uma guerra atômica, só se está atrelan<strong>do</strong> o<br />
país aos interesses das potências atômicas. (...)<br />
A política externa independente iniciada com o<br />
presidente renunciante adquire consistência e maturidade<br />
nas mãos <strong>do</strong> professor San Thiago Dantas, primeiroministro<br />
das Relações Exteriores, <strong>do</strong> primeiro ministério<br />
parlamentarista, chefia<strong>do</strong> por Tancre<strong>do</strong> Neves.<br />
(...) No prefácio ao livro Política Externa Independente,<br />
assim sintetiza os principais tópicos da política exterior<br />
brasileira:<br />
a) contribuição à preservação da paz, através da política<br />
de coexistência e de apoio ao desarmamento geral e<br />
progressivo;<br />
b) reafirmação e fortalecimento <strong>do</strong>s princípios de não<br />
intervenção e autodeterminação <strong>do</strong>s povos;<br />
164