História do Brasil
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tratamento mais duro para revoltas provinciais, mais<br />
autoridade ao governo central.<br />
Regência de Araújo Lima<br />
Ao assumir poder, Araújo Lima organizou um ministério<br />
composto só de políticos regressistas, conheci<strong>do</strong> como<br />
Ministério das Capacidades.<br />
A regência de Araújo Lima caracterizou se pela violenta<br />
repressão as revoltas políticas nas províncias, que,<br />
segun<strong>do</strong> o governo, ameaçavam quebrar a unidade<br />
territorial <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. As classes <strong>do</strong>minantes queriam a<br />
to<strong>do</strong> custo parar o carro da revolução, como dizia a<br />
Ministro da Justiça Bernar<strong>do</strong> Pereira <strong>do</strong> Vasconcelos.<br />
Durante essa regência, á autonomia administrativa das<br />
províncias’ foi reformulada Lei Interpretativa <strong>do</strong> Ato<br />
Adicional, de 12 de maio de 1840. Essa lei tinha como<br />
objetivo limitar a autonomia das províncias e promover<br />
uma nova centralização <strong>do</strong> poder político. A policia e a<br />
justiça ficariam sob o controle <strong>do</strong> poder central.<br />
D. Pedro II assume a poder<br />
Os políticos progressistas, opon<strong>do</strong>-se a regência de<br />
Araújo Lima passaram a defender a idéia de que o meio<br />
mais eficiente para preservar a unidade territorial <strong>do</strong><br />
lmp6No e acabar com a falta da autoridade <strong>do</strong> governo<br />
central seria transferir o poder para as mãos <strong>do</strong> Pedro de<br />
Alcântara. O príncipe, porém, ainda era menor de idade.<br />
A Assembléia Nacional, entretanto, tinha poderes para<br />
antecipar a maioridade de D. Pedro. Foi, então, funda<strong>do</strong><br />
o Clube da Maioridade, organização política que tinha<br />
como objetivo lutar pela antecipação da maioridade <strong>do</strong><br />
príncipe junto a Assembléia Nacional.<br />
A tese <strong>do</strong> Clube da Maioridade teve o apoio das classes<br />
<strong>do</strong>minantes e uniu políticos progressistas e parte <strong>do</strong>s<br />
regressistas. A elite política acreditava que a figura de<br />
um impera<strong>do</strong>r com fortes poderes seria essencial para<br />
liquidar as revoltas províncias e, desse mo<strong>do</strong>,<br />
restabelecer a ordem social que interessava aos grandes<br />
proprietários de terra e senhores de escravos.<br />
Em 1840 a Assembléia Nacional aprovou a tese da<br />
maioridade. “O episodio ficou conheci<strong>do</strong> come golpe da<br />
maioridade”. Pedro de Alcântara, com 15 anos<br />
incompletos, foi aclama<strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, receben<strong>do</strong> o titulo<br />
de D. Pedro II, em 23 de julho de 1840. Iniciava-se o<br />
Segun<strong>do</strong> Reina<strong>do</strong>, um per lo<strong>do</strong> que durou quase meio<br />
século (1840-1889).<br />
REVOLTAS PROVINCIAIS<br />
Crise econômica e insatisfação popular<br />
No perío<strong>do</strong> das regências, muitas revoltas explodiram<br />
pelas províncias brasileiras em decorrência da crise<br />
econômica e <strong>do</strong> descontentamento com a situação<br />
política. Preocupa<strong>do</strong>, o regente Feijó chegou a dizer. O<br />
vulcão da anarquia começava devorar o Império.<br />
No Primeiro Reina<strong>do</strong> e no perío<strong>do</strong> regencial, a estrutura<br />
econômica <strong>do</strong> país não sofreu grande alteração, pois<br />
permanecia assentada em duas grandes bases: a<br />
escravidão e a grande propriedade rural.<br />
A taxa privilegiada de 15% ad valorem, concedida a<br />
Inglaterra pelo Trata<strong>do</strong> de 1810, foi estendida as<br />
importações de outros países, através de lei promulgada<br />
em 1828. Praticamente sem barreiras alfandegárias, os<br />
produtos estrangeiros <strong>do</strong>minaram o merca<strong>do</strong> brasileiro<br />
estabelecen<strong>do</strong> fina concorrência que tornava impossível<br />
o desenvolvimento da produção nacional.<br />
Assim nossa economia reduzia-se cada vez mais a<br />
produção de alguns poucos gêneros tropicais destina<strong>do</strong>s<br />
à exportação, e ficava extremamente vulnerável a<br />
flutuação econômica <strong>do</strong> comércio internacional.<br />
A partir de 1831, refletin<strong>do</strong> essas flutuações econômicas,<br />
os produtos brasileiros de exportação passaram a<br />
enfrentar sérias dificuldades no merca<strong>do</strong> externo.<br />
O açúcar de cana perdeu preço devi<strong>do</strong> à concorrência <strong>do</strong><br />
açúcar antilhano, controla<strong>do</strong> pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e <strong>do</strong><br />
açúcar de beterraba desenvolvi<strong>do</strong> na Europa.<br />
O algodão também sofreu concorrência <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s que tinham técnicas produtivas mais avançadas e<br />
fretes mais baratos.<br />
O couro, por sua vez, também entrou num perío<strong>do</strong> de<br />
crise, face a produção de outros países latinos.<br />
Dessa forma, o país comprava mais <strong>do</strong> que vendia,<br />
resultan<strong>do</strong> em um desequilíbrio crônico da balança<br />
comercial.<br />
O comércio internacional <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> se torna quase<br />
permanentemente deficitário. Entre 1821 e 1860, só<br />
excepcionalmente ocorrem anos com balanços positivos.<br />
(Pra<strong>do</strong> Jr., 1975, p. 133)<br />
Outros fatores somaram-se ao desequilíbrio da nossa<br />
balança comercial, agravan<strong>do</strong> a crise econômica e<br />
financeira. Entre esses fatores. Destacam-se:<br />
• a indenização de 2 milhões de libras que o <strong>Brasil</strong> pagou<br />
a Portugal em troca <strong>do</strong> reconhecimento da<br />
independência;<br />
• as despesas com operações militares destinadas a conter<br />
conflitos externos.<br />
O déficit brasileiro foi provisoriamente contorna<strong>do</strong> com<br />
empréstimos toma<strong>do</strong>s de centros financeiros<br />
internacionais. Tais empréstimos foram simples<br />
paliativos que não eliminaram as causas <strong>do</strong> problema.<br />
Pelo contrário, a situação complicou se ainda mais, pois<br />
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