História do Brasil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Art. 2º:: É estipula<strong>do</strong> que Sua Sagrada e Real Majestade<br />
Britânica, em Seu próprio Nome, e no de Seus<br />
Sucessores, será obrigada para sempre, daqui em diante,<br />
de admitir na Grã-Bretanha os vinhos <strong>do</strong> produto de<br />
Portugal.”<br />
O impacto <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> de Methuen sobre a economia<br />
portuguesa foi expressivo, poden<strong>do</strong>-se destacar os<br />
seguintes pontos:<br />
<br />
<br />
<br />
Colapso das manufaturas portuguesas, que vinham<br />
apresentan<strong>do</strong> um certo desenvolvimento desde a<br />
Restauração (1640);<br />
Crescente especialização da economia portuguesa na<br />
produção de vinhos. E importante ressaltar que a<br />
comercialização da maior parte <strong>do</strong> vinho produzi<strong>do</strong><br />
em Portugal estava sob controle <strong>do</strong>s próprios<br />
ingleses;<br />
Expressivos déficits comerciais, conforme pode-se<br />
perceber pelo estu<strong>do</strong> da tabela.<br />
A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s conti<strong>do</strong>s na tabela, pode-se concluir<br />
que o Trata<strong>do</strong> de Methuen, ao gerar significativos<br />
déficits comerciais para Portugal, contribuiu para o<br />
processo de acumulação de capital na Inglaterra, uma vez<br />
que tais déficits eram cobertos com o ouro brasileiro.<br />
BALANÇA COMERCIAL ENTRE PORTUGAL<br />
E INGLATERRA (1701-1750)<br />
Anos<br />
Valor médio anual em centenas de libras<br />
Exportação<br />
Portugal/<br />
Inglaterra<br />
Exportação<br />
Inglaterra/<br />
Portugal<br />
Balança<br />
Fonte: SCHUMPETER, Elisabeth Boody. English Overseos Trade Statistics.<br />
1697-1808. Oxford,1960.p.17-18<br />
Não por acaso, a professora Mafalda Zamela afirmou que<br />
“não fosse o ouro brasileiro, dificilmente a Inglaterra<br />
seria a nação pioneira no processo de industrialização”.<br />
De fato, ao se considerar o volume de ouro extraí<strong>do</strong> ao<br />
longo <strong>do</strong> século XVIII, especialmente em Minas Gerais,<br />
pode-se perceber a intensidade desse processo de<br />
acumulação.<br />
Embora não haja consenso entre os estudiosos <strong>do</strong> tema,<br />
pesquisas mais recente indicam que o total da produção<br />
aurífera durante o século XVIII foi de,<br />
aproximadamente, 1,2 milhão de quilos.<br />
No entanto, como a carga tributária que incidia sobre a<br />
atividade era extremamente elevada, os especialistas<br />
supõem que um volume bastante significativo de ouro<br />
teria si<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong>, desvia<strong>do</strong> da Capitania de Minas<br />
Gerais e contrabandea<strong>do</strong>. Logicamente que sobre isso<br />
não há <strong>do</strong>cumentação comprobatória.<br />
Pela análise da tabela a seguir, é possível perceber que o<br />
perío<strong>do</strong> de apogeu da mineração se deu entre 1735 e<br />
1755, quan<strong>do</strong> a média anual alcançou, aproximadamente,<br />
15 mil quilos. Do total da produção, ao longo <strong>do</strong> século<br />
XVIII, cerca de 70% dela foi obtida em Minas Gerais.<br />
Além da extração aurífera, teve significativa expressão a<br />
exploração <strong>do</strong>s diamantes, a partir de 1720, quan<strong>do</strong><br />
foram descobertas jazidas no Serro Frio, no Arraial <strong>do</strong><br />
Tejuco; na região da atual cidade de Diamantina, em<br />
Minas Gerais.<br />
1701-05<br />
1706-10<br />
1711-15<br />
1716-20<br />
1721-25<br />
1726-30<br />
1731-35<br />
1736-40<br />
1741-45<br />
1746-50<br />
242<br />
240<br />
252<br />
349<br />
387<br />
359<br />
326<br />
301<br />
429<br />
324<br />
610<br />
652<br />
638<br />
695<br />
811<br />
914<br />
1024<br />
1164<br />
1115<br />
1114<br />
-368<br />
-412<br />
-386<br />
-346<br />
-424<br />
-555<br />
-698<br />
-863<br />
-686<br />
-790<br />
Pesquisas recentes indicam que teriam si<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong>s,<br />
aproximadamente, 3 milhões de quilates de diamantes<br />
(cerca de 615 quilos, entre pedras legalmente extraídas e<br />
as <strong>do</strong> garimpo clandestino). Essas descobertas, somadas<br />
à produção aurífera, injetaram grandes recursos na<br />
economia portuguesa, a qual, conforme se observou,<br />
apresentava uma difícil situação na segunda metade <strong>do</strong><br />
século XVII, em grande parte devi<strong>do</strong> ao declínio da<br />
agromanufatura açucareira.<br />
A atividade mineratória levou a um rápi<strong>do</strong> processo de<br />
povoamento da Região Centro-Oeste. Vilas e cidades se<br />
multiplicaram, destacan<strong>do</strong>-se Vila Rica (Ouro Preto),<br />
Mariana, Caeté, São João del-Rei, Sabará, Arraial <strong>do</strong><br />
Tejuco (Diamantina), entre outras.<br />
19