História do Brasil
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
III – REBELIÕES NATIVISTAS / NOVAS FRONTEIRAS<br />
A Revolta <strong>do</strong>s Beckman no Maranhão, 1684<br />
Em 1682, Portugal criou a Companhia O Comercio <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão para apoiar o desenvolvimento<br />
econômico <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, especialmente pelo<br />
incentivo à lavoura canavieira. Em troca <strong>do</strong> monopólio<br />
<strong>do</strong> comercio da região com a metrópole por vinte anos, a<br />
empresa comprometia-se a fornecer, aos proprietários e<br />
mora<strong>do</strong>res escravos africanos – 500 por ano, pelo menos,<br />
ferramentas utensílios a gêneros de consumo. Na pratica<br />
eram de sua responsabilidade, sobretu<strong>do</strong> escravos, a<br />
companhia ainda fraudava os pesos a medidas, os preços<br />
<strong>do</strong>s produtos e a contabilidade de seus negócios.<br />
Ao invés <strong>do</strong> melhorar a situação agravou-se. A<br />
economia, especialmente a agricultura exporta<strong>do</strong>ra<br />
dependente da mão de - obra escrava desorganizou-se.<br />
Os proprietários irrita<strong>do</strong>s a descontentes reagiram contra<br />
a companhia. Lidera<strong>do</strong>s pelos irmãos Manuel e Tomás<br />
Beckman, importantes <strong>do</strong>nos de terras e de engenhos, Os<br />
maranhenses rebelaram-se em São Luís 24 <strong>do</strong> fevereiro<br />
de 1684. Assumiram o controle <strong>do</strong> governo local e<br />
exigiram o fechamento da companhia enquanto Tornas<br />
Beckman era envia<strong>do</strong> a Lisboa pare assegurar a<br />
fidelidade <strong>do</strong>s maranhenses a Coroa com a apoio <strong>do</strong><br />
outras ordens religiosas coma carmelitas e franciscanos<br />
determinaram a expulsão para a Bahia <strong>do</strong>s padres<br />
Jesuítas contrários a escravização indígena uma velha<br />
pratica <strong>do</strong>s colonos.<br />
Antes que pudesse espalhar-se por outras capitanias, a<br />
rebelião foi contida pelas autoridades <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
Maranhão Presos e sumariamente julga<strong>do</strong>s os irmãos<br />
Beckman foram enforca<strong>do</strong>s, juntamente com, Jorge<br />
Sampaio, enquanto outros chefes eram condena<strong>do</strong>s a<br />
longas penas de prisão em compensação, a metrópole<br />
viu-se obrigada a reconhecer as erros da companhia<br />
mercantil, que perdeu seus privilégios a foi extinta em<br />
1685.<br />
A Guerra <strong>do</strong>s Emboabas, 1708-1709<br />
No fim <strong>do</strong> século XVII, bandeirantes paulistas<br />
descobriram ouro no atual esta<strong>do</strong> das Minas Gerais. A<br />
descoberta desencadeou uma corrida de centenas, a<br />
depois milhares, de pessoas para a região, vindas de<br />
Portugal e de diversas capitanias os paulistas que se<br />
proclamaram, pioneiros na descoberta das minas e com<br />
direitos preferenciais sobre elas encaravam essas pessoas<br />
como rivais. Como várias delas usavam botas <strong>do</strong> cano<br />
alto, passaram a se chamar de emboabas, palavra<br />
provavelmente derivada <strong>do</strong> tupinambá, ave de perna alta.<br />
A tensão entre paulistas e forasteiros tornou-se então<br />
insuportável. Em 1708, o português Manuel Nunes<br />
Viana, intitula<strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r das minas a frente de uma<br />
tropa de emboabas, atacou a expulsou os paulistas <strong>do</strong><br />
Arraial de Sabará.<br />
No ano seguinte, os paulistas contra-atacaram na região<br />
<strong>do</strong> rio das Mortes. Fortaleci<strong>do</strong>s pelos reforços envia<strong>do</strong>s<br />
por Nunes Viana, os emboabas propuseram uma trégua e<br />
prometeram uma anistia aos adversários que se<br />
rendessem. Um desses grupos, de cerca de 300 homens,<br />
aceitou a proposta. Mas, ao se entregar as forças de<br />
Bento Amaral Coutinho, foi impie<strong>do</strong>samente chacina<strong>do</strong><br />
no capão da Traição.<br />
A brutalidade <strong>do</strong> massacre levou o governo <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong><br />
Janeiro a intervir com mais vigor para pacificar” as<br />
Minas Gerais. Nunes Viana foi destituí<strong>do</strong> <strong>do</strong> qualquer<br />
autoridade e, ainda 1709, era criada a capitania de São<br />
Paulo e Minas <strong>do</strong> Ouro. Quanto aos paulistas, depois de<br />
algumas tentativas frustradas de vingança, uns aceitaram<br />
restituição de suas lavras a outros, movi<strong>do</strong>s pela<br />
incerteza e pela insegurança, tomaram novos rumos. A<br />
direção, preferida por eles foram os territórios <strong>do</strong> Centro-<br />
Oeste onde, anos mais tarde, se confirmaria a existência<br />
de ricas jazidas de ouro em várias localidades <strong>do</strong>s atuais<br />
esta<strong>do</strong>s de Goiás e Mato Grosso.<br />
A Guerra Mascates, 1710-1712<br />
Em 1769, por intermédio de uma carta régia, o governo<br />
português aprovou a elevação <strong>do</strong> Recife a categoria de<br />
vila. Tal decisão era ansiosamente esperada pelos<br />
comerciantes portugueses ali estabeleci<strong>do</strong>s. Os senhores<br />
<strong>do</strong> engenho que moravam em Olinda não gostaram da<br />
medida. Eles desprezavam as comerciantes, nos quais<br />
puseram o apeli<strong>do</strong> de mascates. Queriam que a cidade<br />
maurícia, como também era chamada o Recife,<br />
permanecesse sob as ordens da câmara de Olinda.<br />
Desde a ocupação holandesa o porto <strong>do</strong> Recife<br />
enriquecera como principal centro econômico e<br />
comercial de Pernambuco. Por meio dele, os<br />
comerciantes e financistas portugueses controlavam o<br />
fluxo de merca<strong>do</strong>rias que saíam e entravam na capitania,<br />
açúcar, e escravos principalmente. Fixavam preços,<br />
manipulavam o crédito ofereci<strong>do</strong> aos proprietários,<br />
tiravam grande proveito, enfim, <strong>do</strong> movimento<br />
econômico <strong>do</strong> Nordeste adquirin<strong>do</strong> agora autonomia<br />
Político- administrativa e desvinculan<strong>do</strong>-se de Olinda —<br />
de cuja câmara até então não podiam participar os<br />
mascates, na maioria reinóis, consolidavam sua<br />
53