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"Mas a sciencia? que faz ahi a sciencia que não<br />
interroga aquelle organismo, antes que a lei inexor.avel<br />
interrogue aquella consciencia?<br />
"Que faz ella que não vai antes estudar aqueUe<br />
reprobo da sociedade, que pode elltretanto não ser<br />
mais do que uma ,ictima de si mesmo?<br />
"Que faz ella ahi de ..braços cruzados, que não<br />
procura descortinar na trama de-seus orgãos o segredo <br />
d'aquelle acto que a lei vae ig<strong>no</strong>rante e injustamente<br />
talvez punu-?<br />
"Quem <strong>no</strong>s diz que aquelle prurido impaciente e<br />
minaz que fazia referver a mente' áquelle desgraçado<br />
<strong>no</strong> anceio cruel da cobiça, não era antes o efi'eito<br />
d'uma desordem circulatoria, d'um desarranjo qualquer,<br />
t~ndo por séde talvez um ponto capital da graude<br />
machina humaná em seu principal apparelho?<br />
"Quem <strong>no</strong>s. diz que uma simple.s compressão, que<br />
uma particula insignificante mesma, deslocada do equilibrio<br />
<strong>no</strong>rmal, não seja a causa primordial, o agente<br />
unico de tão tristes efi'eitos? Não se obra mal sinão<br />
porque mal se sente, porque mal se pensa. Todo o<br />
acto, verdadeiramente, é filho d'um movimento cerebral.<br />
Obra-se porque pensa-se. Esta a verdade.<br />
"Ora, si vemos que um simples affluxo, diremos<br />
melhor, uma quantidade minima, relativamente, de<br />
sangue introduzida <strong>no</strong>s vasos do cerebro, excitando-o<br />
~e certo modo, faz que se desorganise a mechanica<br />
lJitel1ectual, produzindo talou tal aberração,- que<br />
razão haverá pa.ra não admittir-se que talou tal des':.<br />
organisação nas chamadas faculdades afi'ectivas, e portanto<br />
que as paixões sejam, por sua vez tambem, a<br />
consequencia de um desarranjo cU'culatorio, d'um vicio<br />
accidental dando em resultado uma irritação correspondente<br />
<strong>no</strong> orgão central do systema nervoso?<br />
liA colera por exemplo, que engendra tantos actos<br />
máos, a- sua maioria, por assim dizer (porque, bem<br />
raciocinado, a razão de ser da maiori.a dos crimes<br />
acha-se afinal n'este excesso de sentimento) a colera<br />
que outra ('ousa é mais do que uma superexcitação<br />
cerebral? Parecerá talvez a muitos que essa superé