A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

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Cheguemos ao nosso termo.
O leitor já deye, desde muito, ter percebido as
conclusõe d'este livro, qual a philo uphia de eu auetor.
Tenho mister. comtudo de tocar ainda n'este ponto e
defender-me de uma objecção pe soaI. Esta ,ersa
sobre o facto. que aos olho de alguD equivale a tun
signal de incompetencia para tratar de ussumptos
scienti:fioos, de ser o auctor d'este liY1'o poeta e bacharelado
em rlit·eito. Antes de tudo, cumpre-me ponderar
que eu não devo ser julgado d pl'iori e sem ser lido;
mas á \'ista de meus escriptos e depois d'este meditados.
É i ·to implesmente cousa a que todo o
escriptor; grande ou pequeno, tem direito.
Ma que o facto de escrever alguem poe ia nào
o fere com o estygma de incapaz de cultivar outros
ramos das manifestações intel1ectuae , basta lembrar
o caso de Goethe poeta e naturalista n'AlJemanLa. de
DisraeJi poeta e homem de Estado Da Inglaterra, de
Quinet poeta e historiador em França, de Gubernati
poeta e mythologo na Italia, de Herculano poeta e
historiador em Portugal. Quanto a ser bacharelado
em direito, é sufficiente não e quecer que se deve
distinguir entre o que se aprende nas uos as nul1a~
academias e o que fóra d'elIas e pode e tudfl.r. E
certo que para dar-se uma direcção po itiva ás ideias,
é preciso comprimir e afugentar d'elIas tudo quanto
alIi se eusina.
Pelo que me toca, ba sido a minha vida inte.Jlectual
uma constante e dolorosa lucta para arredar da mente
o que u'e11a foi depo itado pelo ensino secundari~-e
superior que me inocularam, e substituir tão frugeis
e r.ompromettedoras uoções por dados scientifico.
Ora, por ter-se um diploma de di?"eito, em taes circulUstancias,
não é isto um impecilio imencivel.
Como o não foi para Ed. Lartet ser um dos promotores
da moderna paleontologia humana j como o
não foi para Budolf von IheriD~ transplantar pa,ra o
direito as modernas noções elas sei ncias biologica j
para Theophilo Braga ser o primeiro histori::ldor critico