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A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

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preparatorios, matriculando-se <strong>no</strong> cw'so juridico em<br />

principios de 64. Sempre arredio e meio solitário<br />

dedicou-se a fortes estudos de sciencias sociaes e de<br />

philosophia. Os francezes eram seus mestres. A poesia,<br />

porém, o trouxe sempre preoccupado <strong>no</strong> periodo academico<br />

em que inaugurou <strong>no</strong> Recife um lyrismo até<br />

então alli nunca ouvid!> e ~ épica patriotica de que<br />

tor<strong>no</strong>u-se o coriphêo. *) O periodo de 63 a 69 foi<br />

n'aquella cidade de uma efl'ervescencia 'romantica formida\Tel.<br />

Era o tempo da guerra com o Paraguay i<br />

as festas patrioticas multiplicavam· sé: o theatl'o, sob<br />

o influxo de dig<strong>no</strong>s artistas, estava tambem n'uma<br />

phase de esplendor, o salão tomára, por outro lado,<br />

pom o n:.Citativo um brilho <strong>no</strong>vo. A cima de tudo<br />

isto, dous espiritos dotados em gráo muito elevado do<br />

talento poetico fizeram escola. (?) O mais velho e fecundo,<br />

e 'seu verdadeiro creador, o Dr. Tobias, introduzira<br />

pela vez primeira, de um modo decisivo, entre<br />

nós o estyIo de Victor Hugo. O <strong>no</strong>bre poeta fôra,<br />

porém, sempre moderado. O outro, Antonio de Castro<br />

Alves, seguira-lhe de perto as pisadas com um talento<br />

mais que muito apreciavel; este, comtudo, era mais<br />

um homem de imaginação do que de sentimento.<br />

Exagerára o estylo, que se tor<strong>no</strong>u moda. Uma turma<br />

de all.onimos em seguida encarregou-se de transformal-o<br />

ainda mais e produziu essa maneira aspera e retumbante<br />

de .versejar 'que de então para cá tem valido<br />

por um!1 a.llunão. Ficou Cl'eado o regimen da bO'n~ba,<br />

como o appellidaram. Depois, Castro Alves, levada.<br />

a doutrina para São Paulo, o!1de fez adeptos e passou<br />

por mest1'e (?), morreu, e Tobias Barreto J ig<strong>no</strong>rado,<br />

*) Esta expressão épica patriotica pede um reparo; eUa .<br />

~ã? existe na lingua) onde só ~emos a palavra epopC'ia, ou .poema<br />

eptCo. Eu emprego aqueUe ,Substantivo <strong>no</strong> mesmo sentIdo em<br />

que o empregou Disraeli, por exem.l?lo, quando de<strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u um<br />

de seus livros .Revolutiona'1'Y Epic, sIgnificando cantos que têm'<br />

u~ caracter épico, sem, todavia, de forma alguma, se confundirem<br />

com a epopeia, <strong>no</strong> classico sentido d'esta palavra. O<br />

m.esmo fazem os allemães, que, aliás, usam tambem do termo<br />

Epos em identico sentido,<br />

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