04.06.2016 Views

A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

- 32 -<br />

e a sciencia não parece muito disposta a reconheceI-as.<br />

Não é tal a conclusão que se deve tirar d'aque11as<br />

premissas para ir-se ao encontro do Síir. Magalhães..<br />

Ba.sta concluir que os animaes, sem alma, têm<br />

uma intelligencia, como têm uma sensibilidade, cousa<br />

que llinguem, a não ser o poeta fluminense, atreve-se<br />

mais hoje a contestar; basta, sobre tudo, concluir que<br />

do cerebro depende a sensibilidade, como d'elle depende<br />

a intelligencia.<br />

° Síir. de Magalhães phantasiou argumentar com<br />

algum pobretão d'ideias para melhor levar-lhe vantagem.<br />

Ora essa, Síir. Visconde! ...<br />

Veja bem. o auctor de Antonio José: a questão<br />

hodierna, já decidida, sobre os animaes não é si elles<br />

têm, ou não alma, e sim em que gráo têm intelligencia<br />

e quanto, e como, distam do homem. Para o insigne<br />

e inestimaveI HaeckeI os animaes superiores têm to.das<br />

as propriedades, que nós outros <strong>no</strong>s obstinamos a<br />

chamar espi1'ituat3s, por consagração da lingua, propriedades<br />

que só differem das do homem quantitativamente<br />

e não q-ua.litat'ivamente.*)<br />

°<strong>no</strong>bre visconde é bastante atilado para conherer<br />

a differença dos dous pontos de vista.<br />

Pl'osigamos.<br />

Nas primeiras pagillas do Cap. 9? os Factos do<br />

Espú"ito Huma<strong>no</strong> encerram o seu mais vigoroso argumento.<br />

Achilies vae sl1bir a campo. Eil-o: "Para que<br />

uma cousa se· distinga de outra é necessario que e11a<br />

não seja a cousa mesma da qual se quer distinguir.<br />

Nada se distingue de si mesmo, senão d'aquillo que<br />

não é e11e." **) É esta a proposição erigida pelo philosopho<br />

em principio geral, e que serve de maior ao<br />

seu arrasoado.<br />

"Ora, si o eu fosse sensivel; prosegue o auctor<br />

e recebesse. a sensação como uma a-ffecção, ou modificação<br />

sua, elle n.ão se distinguiria d'alla, elie seTia<br />

, r<br />

*) Natürliclle SchOpf1mgageschichte, Lição lOa; Berlim,<br />

3a edição.<br />

**) Capitulo 90.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!