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A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

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chimicas *), concedamos ao escriptor brasileiro a existencia<br />

.de um principio vital, distincto e independente<br />

do corpo e d'alma e vejamos os motivos parque lhe<br />

attribue o privilegio da sensibilidade. O dig<strong>no</strong> philosopho<br />

em 1858, como certamente ainda hoje, estava<br />

. <strong>no</strong> ponto de vista de Jouffroy em 1830, quando escreveu<br />

a memoria sobre a Legitimidade da sepamção da Psychologia<br />

e da Physiologia.<br />

O auctor, apriorista, não sente-se muito obrigado<br />

á pl'ovar as suas asserções; eis a segurança com que<br />

estabelece a premissa de sua argumentação: ,A existencia<br />

de uma força immaterial que organisa o corpo<br />

.é tão incontestavel como a existencj!l, de um espirito<br />

.que pensa, e que não tem consciencia de ser eUe quem<br />

organisou o seu corpo, e quem opera <strong>no</strong> interi.or dos<br />

orgãos d'eUe." **) O obscuro pelo mais abseuro ....<br />

A existencia na terra de um diplomata .da lua é tão<br />

incontestavel como o é <strong>no</strong> interior de <strong>no</strong>sso globo a<br />

existencia do infer<strong>no</strong>, que não tem consciencia de ser<br />

elie quem ergueu-lhe na supel'ficie as montanhas I ..<br />

Enfim .... concedido: existe o que o philosopho<br />

quer. Ouçamol-o ainda: "A sensibilidade está na força<br />

vital. É essa força quem se modifica e produz a sensação<br />

que se apresenta á <strong>no</strong>ssa alma." ***) Esta proposição<br />

era uma grande <strong>no</strong>vidade; cumpril'l. ao pensador<br />

provaI-a, e porque não fazeI-o, quando "infelizmente<br />

em favor do que eUe diz não pode citar a opinião de<br />

nenhum philosopho antigo ou moder<strong>no</strong>, pois todos de<br />

commum accôrdo attribuem á alma a sensibilidade?'<br />

EUe pretende justificar a sua descoberta, e devemos<br />

apreciar, 'um a um, a força de seus argumentos.<br />

"Si a sensibilidade, diz, estivesse n'alma intelligente<br />

e livre, de cada vez que eUa se lembrasse de<br />

uma sensação a sentiria de <strong>no</strong>vo j como de cada vez<br />

que se lembra de 11ma concepção a concebe de bovo j<br />

mas si se lembra de uma dôr, ou de um cheiro, eUa<br />

*) Médecine et Médecins, 2m• édition, pago 355 e 56.<br />

**) Oapitzflo 8°.<br />

***) Oap. citado.

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