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medicamentosas, entregue o crimi<strong>no</strong>so, só, <strong>no</strong> fundo<br />
d'unia masmorra, ao latego inexoravel de sua consciencia,<br />
elle se restabeléça, porque se purifica? É<br />
,bella, mas tem o defeito da miragem essa objecção j<br />
seductora, mas fallaz. Dizei-<strong>no</strong>s: o louco, o maniaco,<br />
o hallucinado, a' quem a medicina toma <strong>no</strong>s braços<br />
hoje e guarda por longo tempo, sob o olhar previdente<br />
e solicito da hygiene, <strong>no</strong> silencio calmoso, <strong>no</strong> l'ecolhimento<br />
agradavel, na agitação branda e deleitavel dos<br />
<strong>no</strong>vos hospicios, dizei-<strong>no</strong>s, esses infelizes que ahi jazem<br />
ás vezes por longos an<strong>no</strong>s, qllando lá um dia se erguem<br />
reentrados <strong>no</strong> jôgo <strong>no</strong>rDlal de suas aptidões cerebraes,<br />
- qilem os curQu? A philosophia? A religião? Certo,<br />
que a sciencia! - só a sciencia, a medicina practica,<br />
que habilmente soube combinar os meios de que dispõe..<br />
Ora, que razão ha então para não admittir-se que o<br />
longo e frio silencio d'uma prisão actuando mais e<br />
mais sobre o c.erebro, dê em resultado a sua volta ao<br />
exercicio <strong>no</strong>rmal?<br />
"Depois, esses crimi<strong>no</strong>sos são apenas doentes<br />
temporarios. E quereis a prova d'aquillo? É que não<br />
rara vez, a maioria d'ellas, é o lado contrario que se<br />
observa: os crimi<strong>no</strong>sos reclusos sahem das masmorras<br />
tres vezes peiores, E então, ahi, como explicar esse<br />
movimento regressivo, pela tal consciencia psychologica,<br />
si esta, dizem, é um tribunal igualmente austero, igualmente<br />
implacavel para todos, e que, conseguintemente,<br />
iguaes effeitos devêra produzir em todos os culpados?<br />
Como, si a consciencia é a mesma para todos os bomens,<br />
n'este desperta o arrependimento, e n'aquelle<br />
não t É que o facto é outro seguramente. Os crimi<strong>no</strong>sos<br />
não se curam todos porque: Primeiramente,'<br />
obedecendo á lei das desigualdades organioas, nem<br />
todos os organismos são igualmente aptos para reagir<br />
do mesmo modo contra as, causas morbificas. Vemos<br />
. que, em identicas circumstancias, dous individuos atacados<br />
da mesma molestia, n'um o organismo reage e<br />
opera-se a oura, ao passo que <strong>no</strong> outro n, terminação,<br />
é pela morte. Em segundo lugar,e é preciso <strong>no</strong>tar<br />
bem para isto: alem das desigualdades naturaes, nem<br />
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