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pelas casas de saúde, pelos hospicios de caridade, pelos<br />
~ cuidados carinhosos, solicitos, sabios, prescrutadores<br />
e humanitarios da sciencia, A humanidade lá chegará<br />
um dia, esperamos," *)<br />
Possam· estas instructivas e genero as palavras<br />
echoar aos ouvidos dos legisladores c~mo o brado<br />
plangente dos desgraçados, e o aviso salutar da sciencia,<br />
que, em vez de pedir o castigo, aconselha o ensi<strong>no</strong>; <br />
em lugar da prisão prescreve o livro!<br />
Entretanto, o meu dever de critico ordena-me que<br />
-proteste contra o signal de <strong>no</strong>vidade que o illustre<br />
medico parece ligar ás snas ideias.<br />
Certamente, entre nós e para nós, elias são uma.<br />
grande originalidade, - que os <strong>no</strong>ssos philosophos e<br />
physiologos academicos e officiaes nunca se elevaram<br />
áquelia altma. Na Europa culta, porém, mais de uma<br />
vez têm elias sido a.dvogadas. Não é mister ir muito<br />
longe para vêl-o; é sufficiente lêr os ·ultimos capitulos<br />
da Physiologia da vontade do italia<strong>no</strong> Herzen.<br />
A lembrança d'este auctor me leva naturalmente a .<br />
pronuneiar-me, de rel~nce, sobre a questão da vontade<br />
lim'e, implicada, aliás, na passagem reproduzida do<br />
auctor' bahia<strong>no</strong>. Herzen contesta, com todo o fundamento,<br />
em nós, a I1berdade do se?' e do quere?', reconhecendo<br />
uma certa e minima liberdade de fG,$e?',<br />
Julgo que este mag<strong>no</strong> problema deve ser' estudado<br />
sob o ponto de vista historico e social, alem do 'physiologico.<br />
Com efi'eito, aquelle <strong>no</strong>s mostra, de um<br />
lado, . as relações humanas levadas ao maximo gráo<br />
de complicação, e, de outro, <strong>no</strong>s ensina a lei da heredita?'iedade,<br />
que é tambem um dado da sciencia biologica.<br />
Esta grande lei tem sido descurada, em se<br />
tractando dos actos livres. Ora, o homem, por muitissimos<br />
seculos, sendo ensinado sob a <strong>no</strong>ção da liberdade,<br />
real ou presumida, e sendo as suas acções<br />
*) Funcçàes do Gerebro, pago 197 a 213. Tomamos a libero<br />
dade de fazer ligeirissimos córtes nas paginas transcriptas, para<br />
não alongar por demais a citação. As omissões feitas, porém,<br />
não prejudicam em nada o sentido das opiniões do auctor.