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A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

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todos os crimi<strong>no</strong>sos dispoem dos mesmos meios de<br />

reacção j o que quer dizer, nem todos est.ão, pela sua<br />

capacidade e desenvolvi~ento intellectual, igualmente<br />

aptos a reagir por si mesmos, entrando na realidade<br />

de seus deveres pela porta da refl~xão. Vimos que<br />

o ig<strong>no</strong>rante é um paralytico da intelligencia j e são<br />

elles que. constituem a grande massa dos crimi<strong>no</strong>sos.<br />

"D'abi vem que poucos se regeneram; e estes<br />

poucos são ordinariamente os mais aptos a sentir e<br />

a pensar. Em terceiro lugar, finalmente, é que os re·<br />

gimens penitenciarios postos em practica geralmente, e<br />

com especialidade (com pezar o dizemos) em <strong>no</strong>sso<br />

paiz, estão longe de corresponder ás vistas therapeuticas<br />

com que a me'dicina os iria empregar. ° estado<br />

immundo, infecto, insalubre, anti-hygienico das prisões,<br />

reunindo todos os elementos contrarios á regularisação<br />

da saúde, S9 serve para exacerbar o principio que<br />

alimenta a molestia, qualquer que ene seja, para azedar<br />

mais as paixões, para derrancar mais, e mais fazer<br />

fermentar os odios e os r~ncores, e, port.anto, para<br />

predispor cada vez mais o individuo á perpetração de<br />

<strong>no</strong>vos delictos.<br />

nTrar-<strong>no</strong>s-hão certamente por abi a questão da<br />

imputabilidade. D est'arté, dir-<strong>no</strong>s-hão, acabaes com<br />

a auto<strong>no</strong>mia, com a imputação dos actos, COllL todas<br />

as prerogativas da consciencia humana., e portanto,<br />

tendes destruido as leis philosophicas, rasgaes os codigos,<br />

abrjs as prisões, proclamaes o dominio absoluto<br />

do crime e com ene a subversão social.<br />

"Mas, antes de tudo, é, já o deixamos entrever,<br />

uma impertinencia essa consciencia como a querem<br />

por ahi, como entidade psychologica j o que em nada<br />

contradiz, em nada implica a moral, nem a <strong>no</strong>breza<br />

do homem. Assim, vejamos si ha ahi realmente abolição<br />

dos preceitos moraes do individuo.<br />

,,0 homem obra ahi fatalmente, sim j e sob uma<br />

fatalidade inexoravel, porque é a fatalidade organica:<br />

mas, nem por isso me<strong>no</strong>s merito lhe vem de conhecer<br />

e depois conjurar os ef!eitos d'essa fatalidade, do que<br />

lhe proviria do triumpho n'uma opção. Porque o

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