A Filosofia no Brasil Sílvio Romero

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combater os falsos systemas. da philosophia moderna,
e cae, ferido na sua propria arma, logo aos primeiros
passos que dá.
Julgo inutil continuar a analyse de um tal pensador
e muito dispensavel apreciar a sua nova theoria da
sensibilidade, que, para elle, se confunde metaphysil.'amente
com a intelligencia e a vontade. Proposição
tão enorme, aos olhos dos sectarios do espiritualismo,
que lhes deixo a tarefa de estygmatisal-a.
Não deixo, porém, de lembrar uina -passagem em
que o padre escriptor mostrou-se até mal informado
de autores que cita com a pretenção de os refutar.
É quando, faliando em J ouifroy, refere uma sua definição
de philosophia, a qual o francez não deu como
tal. São estas as palavras do celebre professor:
"Qu'est-ce donc que la philosophie? e'est la science
de ce qui n'a pas encore pu devenir 1'objet d'une
sciellce; e'est la science de toutes ces choses que l'intelligence
n'a pas encore pu découvrir les moyens de
connaitre entierement; c'est le reste de la scieoce primitive
totale; c'est la science de 1'obscur, de l'indéterminé,
de l'incounu." *)
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Diz o padre Muniz que isto é uma satyra! Ora,
niog'uem, que haja lido a notavel memoria sobre a
Organisação das 8ciencias Philosophicas, n'onde foram
aquelias palaVl'as extrahidas, as tomará por urna definição,
quando é certo que o nobre pensador confessa
que aquelle modo de julgar fôra uma phase morbida
de seu espirito, passada eD! 1822, e que, no tempo em
que escrevia, tinha, desde muito, desapparecido. É,
portanto, aquelie trecho improprio para com elle julgar-se
das ideias do philosopho francez, um dos maiores
de seu tempo, como nol-o testemunha Laurent, e incontestavelInente
o unico vulto eminente do eclect.ismo.
E, ainda quando Joumoy tivesse permanecido
n'aquelle ponto de vista sobre o objecto e a unidade
da philosophia. não vêjo um motivo serio para o re-
• *) Th. Jouffroy, Nouveaux Mélanlles PMlos(}phiquei, 2me
édition, pago 122.