Anúncio daWilson, fabricantede enxadas, emjornais e revistascórrego próximo. Nos dias seguintes a família plantava feijão, milho, hortaliças emelhorava a casa, reforçando as paredes com madeira de palmito e preparando umtelhado a base de cascas de árvores. Mesas, bancos e camas se faziam com tocos epaus recolhidos à volta, de onde vinha também a lenha para cozinhar. A criação eraarranjada em precários viveiros e, dessa forma, a vida prosseguia.Por mais que imaginassem dominar a floresta, era afloresta que os vigiava com superioridade, a olhosatentos, botando medo.Aquela gente corajosa dava uma risada triste quandose lembrava das regalias que deixara para trás: ocomércio, o povo na rua iluminada, os botecos, a missaaos domingos, a convivência com os parentes, as festasda comunidade. No mato, só se pensava em trabalhar,derrubar árvores, plantar, colher. Todo mundo pareciabicho, com unhas e mãos sempre encardidas e vestessurradas que iam sendo remendadas até não dar mais.Soavam ainda, na memória, as últimas frases ouvidasantes de partir, acompanhadas de muita risada: “Paranáé só fama, quando não é poeira é lama”. Ou então: “Vaipro Paraná, vai virar 'pé vermeio'”.“Pé vermeio”. Muitas vezes em plena labuta, quandotodos se distraíam, era preciso voltar correndo para casae espantar os macacos que entravam por qualquer fresta,causando estragos. “Sai daqui seus lazarento”. E tomebala. Os animais da floresta, abundantes, eram caçadossem piedade. Porcos-do-mato, veados, pacas, capivarase até tatus sucumbiam diante do estrondo da espingarda.Alguns paravam nas panelas. O palmito, tãoútil e em quantidade, era também um acompanhamentocomum no dia-a-dia, assim como frutas e peixes.Quando caía a noite, ninguém conseguia ficar acordado por muito tempo: os “pévermeio” estavam sempre cansados demais e não era para menos. Depois do banhona bacia, com água fervida, eles se reuniam para comer. Seria muito luxo se alguém,em casa, tivesse um pouco de cachaça para amaciar o estômago antes da bóia. A“mardita” tinha que vir de longe e era artigo disputado, só conseguido por encomenda.Não havia nada melhor que um gole pra aliviar o cansaço do dia.Já pensando no amanhã, os homens pitavam pensativos, com a brasa brilhandonos olhos. Dormiam abraçados às suas mulheres, sob mosquiteiros, a salvo dos34
insetos, com as armas ao alcance dos dedos.Tantas privações e dificuldades, no entanto, não abatiam os ânimos. Os “pévermeio” lutavam por um futuro para suas famílias. A terra era fértil. Se Deusajudasse, fariam fortuna com o plantio de café. Era assim que pensavam.Como podiam acreditar tanto no futuro? Era tudo tão desolador. No breu danoite, o tímido brilhar das casinhas rivalizava com o cintilar dos vagalumes, sob oolhar indiferente das estrelas.“Pés vermeios”.Café, fonte deprogresso regional esonho de riqueza35 10
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