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Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica

No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.

No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.

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De noite, estava sujeito a passar por apuros. Às vezes, enquanto jantava no

restaurante do hotel, podia acontecer de a luz pifar, irritando os outros comensais

que, de imediato, reagiam previsivelmente, destilando impropérios. Quando isso

ocorria, Domingos saía de fininho e, na rua, embarcava no primeiro carro de praça

que encontrasse - pois não dispunha de automóvel - rumo à usina, na busca de

resolver o problema.

Da mesma forma, quando arriscava ir ao Cine Rex, o engenheiro sentava

estrategicamente na última poltrona, bem

perto da saída. Era para evadir-se logo em caso

de pane de energia e, mais do que depressa,

seguir em direção à usina, onde contava com a

ajuda de alguns operadores e eletricistas.

Certa vez, como não via progressos

significativos, um grupo de moradores mais

exaltados, com cerca de 500 a 600 pessoas,

aglomerou-se na Avenida Curitiba decidido a

aprontar um quebra-quebra. Sempre ligeiro,

Domingos correu até a usina onde, no portão,

desfraldou uma Bandeira do Brasil.

Pouco depois, quando a malta enfurecida

surgiu à frente do pequeno prédio, após destruir todas as lâmpadas de iluminação

pública que havia pelo caminho, encontrou Domingos firme e corajosamente

postado ao lado do portão. Como a condição era única, ou seja, passar por sobre o

seu cadáver, a massa percebeu logo, felizmente, que não valia a pena ir tão longe,

dispersando-se em seguida.

As coisas só começaram a melhorar mesmo quando, no final de 1959 ou início de

1960, após tratar do assunto com o prefeito apucaranense Marino Pereira,

Domingos articulou uma mobilização supra-partidária com lideranças dos quatro

municípios e adjacências. O objetivo era conseguir que o governador de São Paulo,

Carvalho Pinto, autorizasse o uso da energia produzida pela usina de Salto Grande,

no Rio Paranapanema. Como o Paraná tinha uma parceria com São Paulo e já vinha

utilizando parte dessa energia para abastecer Londrina e municípios vizinhos, foi

possível, enfim, estender uma linha de transmissão até Apucarana.

Com energia abundante, as queixas foram diminuindo e o fornecimento estável

chegou logo depois, também, em Cambira, Jandaia do Sul e Mandaguari.

A primeira usina

de energia a diesel,

de Mandaguari, no

final dos anos 40.

O velho motor não

agüentava muito

e a cidade ficava

sempre sem luz

(foto: Akimitsu

Yokoyama)

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