Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
lâmpadas e fios elétricos que trouxemos conosco. Construímos o banheiro dentro
de casa, para surpresa da vizinhança, nosso fogão a lenha tinha serpentina e os
banhos eram de água quente. Isso fazia com que nossos companheiros de
pioneirismo nos achassem milionários. Na realidade, Odwaldo era um empreendedor
muito criativo e eu sua companheira topa-tudo.”
JÂNIO E O BISPO
O livro “A Igreja que brotou da mata”, escrito pelo Padre Orivaldo Robles e
editado em março de 2007 (quando por ocasião dos 50 anos da Diocese de Maringá),
registra um episódio que bem ilustra a precária situação da energia elétrica na cidade:
“Em 1959, Jânio Quadros, candidato à presidência da República, percorrendo
o Paraná, vem a Maringá. Entre as lideranças da cidade, não podia deixar de visitar
o bispo. Amável, como todo político em campanha, pergunta quais as
necessidades mais sentidas em Maringá. Uma das primeiras, apontada por dom
Jaime, é a energia elétrica, bastante precária. Já é noitinha e as luzes estão acesas.
Na cozinha, uma irmã liga o liquidificador e a luz começa a piscar. “Está vendo do
que estou falando?” esclarece o bispo. Conhecido pelas decisões desconcertantes
que tomava, Jânio não foge do padrão. Ignorando a homenagem das lideranças
políticas, o jantar e o pernoite em Maringá previstos no programa, simplesmente
deixa a cidade e vai dormir em Londrina.”
OURO VERDE
A Indústria de Bebidas Internacional – cujo nome, mais tarde, mudaria para Ouro
Verde - foi uma das primeiras unidades industriais de Maringá, instalando-se em um
terreno na Avenida Mauá em 1952, um ano após a emancipação política do
município. A experiência de produzir refrigerantes e engarrafar bebidas tinha sido
trazida pela família Projiante de Estrela do Oeste-SP. Naquele ano, portanto, o pai
Armando, juntamente com os filhos Fiori, José e Guido, passaram a produzir
guaraná, soda e sodinha, além de engarrafar aguardente e vinho. Guido recorda-se
que eles contavam com um pequeno gerador próprio, movido à óleo diesel, para
iluminar a fábrica, mas os equipamentos para tampar as garrafas, por exemplo, tinham
que ser tracionados pelo pessoal com a força dos pés. Só alguns anos mais tarde é que
a Ouro Verde, em franca prosperidade, trouxe equipamentos que modernizaram a
limpeza das garrafas - até então manual - e toda a linha de produção. A empresa ia tão
Peter, um dos filhos de
Odwaldo e Winifred,
trabalhou como piloto
de avião na empresa
da família, a TAMA,
numa época em que a
energia elétrica ainda era
escassa em Maringá.
O campo de aviação
ficava completamente às
escuras, mas ele nunca
se apertava quando era
preciso aterrissar em
horários noturnos. Para
que isso fosse possível,
Peter mantinha um trato
com motoristas de praça
da cidade: estes, ao
ouvirem o ronco do
motor de sua aeronave,
corriam imediatamente
para o campo, onde,
utilizando os faróis de
seus veículos, faziam o
balizamento da pista de
pouso, além de clareá-la.
Com essa ajuda, Peter
descia sem nenhum risco.
83