Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
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total de dez, nasceriam na Chácara Boa Vista: Álvaro e Francisco.
Logo que instalaram-se em Mandaguari, os Romagnolo fizeram amizade com os
vizinhos, os jovens Lucindo e Penha Schincariol, casados em 1944. Ficaram tão
próximos que Natalina amamentou por seis meses o primeiro
dos dois filhos do casal.
Integrando grandes levas que surgiam a todo momento
para colonizar o Norte do Paraná, Lucindo e
Penha tinham sido trazidos por seus familiares ainda
muito moços, com 14 anos. Ela chegaria ao povoamento
de Lovat um ano antes do futuro marido, em
1937, indo em seguida para Marialva, onde os pais
haviam comprado um pequeno sítio. Naquela época,
as condições eram tão primitivas que, para fazer
compras, o único jeito era caminhar 27 quilômetros
no meio da mata até Lovat, onde só havia uma ou
duas ruas e um pequeno aglomerado de casas. Como a floresta
era escura e amedrontadora, Penha, o pai e um irmão se
Rolândia
Maringá Londrina
Mandaguari
Paraná
preveniam com uma tocha de fogo para espantar bichos. A vida também não era fácil
para Lucindo: sempre após uma chuva mais forte, ele percorria a pé 35 quilômetros
até Apucarana. No caminho, ia cortando touceiras de bambus
que, com o peso da água nas folhas, pendiam sobre a estrada, o
que impediria a passagem da jardineira. Casados, eles jamais
perderiam contato com os Romagnolo.
Os Romagnolo, aliás, eram o que se podia chamar de
família unida. Todos se davam bem: durante os afazeres,
sempre juntos, conversavam e sorriam muito, por qualquer
motivo. Religiosos, freqüentavam a missa aos domingos e, no
almoço, rendiam-se às delícias preparadas pela mãe, como o
macarrão com carne de cabrito, o pastel de batata doce e as
apreciadas queijadinhas.
Viviam tão bem na chácara em Mandaguari que, certa ocasião, Natalina precisou
dizer ao marido, em tom firme e definitivo, que não aceitaria mais mudar-se dali.
Sabia que ele, diante de uma boa proposta, dificilmente resistiria à tentação de
vender a propriedade. Ademais, os filhos estavam crescendo e começavam a
encaminhar-se. O mais velho dos homens, Geraldo, abraçara a profissão de alfaiate.
Fácil seria imaginar, entretanto, que Francisco não se aquietaria. O espírito destemido
falava mais alto e ele não deixaria de sonhar com a própria fazenda. A
pequena chácara da família seria preservada a pedido de Natalina, mas ele
acalentava o desejo de fazer a sua parte na concretização do sonho dos pais, que
vieram da Itália à custa de grandes sacrifícios para “fazer a América”. Sentia que
Apucarana
A famíilia
radicou-se em
Mandaguari
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