Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
No Rio de Janeiro, mesmo com breves intervalos de tempo
para passear e conhecer melhor a cidade, Vicente sentia-se
fascinado pela modernidade, a beleza e o dinamismo do mundo
que encontrara. Era tudo tão diferente do Paraná, onde o povo
precisou rasgar floresta para fazer a vida e trabalhar duro. Na
capital brasileira, sorvia-se com refinamento e estilo, em bares
repletos de homens elegantes, o café produzido por gente
encardida e sofredora lá no sertão.
Com olhos curiosos e atentos a cada detalhe, encantou-se
com o modo de viver dos cariocas, a arquitetura dos prédios e do
casario, a orla aprazível e, é claro, o mar, que ainda não conhecia.
Ao colocar-se diante do oceano, percebeu Vicente que os
horizontes poderiam ser muito mais amplos do que imaginava
para si. Tinha valido a pena, sim, exilar-se do Paraná: longe,
encontraria motivação para, quando voltasse, ajudar a família a
potencializar os negócios e a prosperar. Na cabeça, muitos planos
para o futuro, os quais compartilhava em cartas que,
regularmente, trocava com a mãe.
.....
Assim, em 1958, ao retornar para Mandaguari, após cumprir o
serviço militar, Vicente apresentava disposição redobrada para promover mudanças
no ritmo da pequena chácara da família. Em pouco tempo, convenceu os irmãos de
que dependeria de uma união, envolvimento e empenho ainda maiores, por parte de
todos, para superar aquela vida difícil e buscar novas perspectivas.
Os olhos de Vicente, no entanto, estavam voltados para a cidade. Não queria
continuar por muito tempo ali na chácara e, sim, sonhava em ir atrás de seu futuro. O
tempo ia passando e ele tinha consciência de que precisava definir sua vida,
aproveitar as oportunidades que um município novo oferecia. A família, afinal, era
grande e não sobrava muito para cada um.
Na cidade, trabalharia algum tempo como encanador e pedreiro. Em novembro
de 1959, após quatro anos de namoro, casa-se com Rosa, cuja família possuía
uma chácara vizinha a dos Romagnolo, na Vila Vitória. Era ela uma das filhas de
José Sophia, ex-cafeicultor e dono de um pequeno armazém de secos e
molhados, situado na Rua René Táccola. Quando casaram-se, Vicente tinha
como patrimônio único uma surrada bicicleta, sobre a qual costumava sair bem
cedo à procura de serviço. Mas não demoraria muito para que, diante da idade
avançada de Sophia, o genro Vicente, no vigor de seus 21 anos, juntamente
com a esposa, assumisse o comando do estabelecimento, após adquiri-lo.
Nessa época, a mãe Natalina seguiria os passos dos filhos que, aos poucos,
iam migrando para a cidade. Sob seus cuidados, ela ainda tinha dois meninos
pequenos: Álvaro e Francisco.
Construída em 1938,
a velha igreja
matriz (retratada
por Akimitsu
Yokoyama)
receberia iluminação
elétrica em 1949.
Abaixo, Vicente e
a esposa Rosa
89 59