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Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica

No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.

No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.

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No Rio de Janeiro, mesmo com breves intervalos de tempo

para passear e conhecer melhor a cidade, Vicente sentia-se

fascinado pela modernidade, a beleza e o dinamismo do mundo

que encontrara. Era tudo tão diferente do Paraná, onde o povo

precisou rasgar floresta para fazer a vida e trabalhar duro. Na

capital brasileira, sorvia-se com refinamento e estilo, em bares

repletos de homens elegantes, o café produzido por gente

encardida e sofredora lá no sertão.

Com olhos curiosos e atentos a cada detalhe, encantou-se

com o modo de viver dos cariocas, a arquitetura dos prédios e do

casario, a orla aprazível e, é claro, o mar, que ainda não conhecia.

Ao colocar-se diante do oceano, percebeu Vicente que os

horizontes poderiam ser muito mais amplos do que imaginava

para si. Tinha valido a pena, sim, exilar-se do Paraná: longe,

encontraria motivação para, quando voltasse, ajudar a família a

potencializar os negócios e a prosperar. Na cabeça, muitos planos

para o futuro, os quais compartilhava em cartas que,

regularmente, trocava com a mãe.

.....

Assim, em 1958, ao retornar para Mandaguari, após cumprir o

serviço militar, Vicente apresentava disposição redobrada para promover mudanças

no ritmo da pequena chácara da família. Em pouco tempo, convenceu os irmãos de

que dependeria de uma união, envolvimento e empenho ainda maiores, por parte de

todos, para superar aquela vida difícil e buscar novas perspectivas.

Os olhos de Vicente, no entanto, estavam voltados para a cidade. Não queria

continuar por muito tempo ali na chácara e, sim, sonhava em ir atrás de seu futuro. O

tempo ia passando e ele tinha consciência de que precisava definir sua vida,

aproveitar as oportunidades que um município novo oferecia. A família, afinal, era

grande e não sobrava muito para cada um.

Na cidade, trabalharia algum tempo como encanador e pedreiro. Em novembro

de 1959, após quatro anos de namoro, casa-se com Rosa, cuja família possuía

uma chácara vizinha a dos Romagnolo, na Vila Vitória. Era ela uma das filhas de

José Sophia, ex-cafeicultor e dono de um pequeno armazém de secos e

molhados, situado na Rua René Táccola. Quando casaram-se, Vicente tinha

como patrimônio único uma surrada bicicleta, sobre a qual costumava sair bem

cedo à procura de serviço. Mas não demoraria muito para que, diante da idade

avançada de Sophia, o genro Vicente, no vigor de seus 21 anos, juntamente

com a esposa, assumisse o comando do estabelecimento, após adquiri-lo.

Nessa época, a mãe Natalina seguiria os passos dos filhos que, aos poucos,

iam migrando para a cidade. Sob seus cuidados, ela ainda tinha dois meninos

pequenos: Álvaro e Francisco.

Construída em 1938,

a velha igreja

matriz (retratada

por Akimitsu

Yokoyama)

receberia iluminação

elétrica em 1949.

Abaixo, Vicente e

a esposa Rosa

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