Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
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A vida simples,
mas feliz, na
pequena propriedade
ajudar os pais e os irmãos na lavoura. Não havia como ser diferente no sertão.
Em 1945, o proprietário da fazenda decidiu se desfazer das terras. Foi só abrir a
boca para, em pouco tempo, começar a aparecer comprador. O negócio, após
fechado, acabou rendendo uma merecida participação financeira a Francisco. Uma
compensação pelo seu trabalho, que resultara na expressiva valorização da
propriedade.
Por isso, chegara o momento de partir para uma nova etapa. Desta vez, ao
contrário de quando chegaram a Londrina, trazendo apenas disposição para vencer
na vida, os Romagnollo estavam suficientemente preparados para, enfim, realizar o
velho sonho de comprar as suas terras.
Em outubro de 1946, a família deixou a fazenda e seguiu rumo a Mandaguari,
distante 60 quilômetros, ao Noroeste. Com suas economias, Francisco havia
adquirido lá uma pequena chácara de 2 alqueires, à qual denominou Boa Vista.
Ele, Natalina e os filhos - pelo menos os maiores - já haviam se acostumado às
mudanças drásticas da vida, a começar tudo de novo, a passar pelos mesmos
sacrifícios. Desta vez, no entanto, as dificuldades seriam compensadas pela
satisfação e a alegria de cultivar a própria terra, ainda que a dimensão fosse reduzida.
Nessa época, Mandaguari era um povoamento em efervescência, preparado pela
Companhia de Terras Norte do Paraná para ser uma sede regional do projeto de
colonização. Ali concentravam-se muitos estabelecimentos comerciais que abasteciam
fazendas e os povoados que iam surgindo rapidamente nas imediações. Havia
escola, igreja, cartório, juiz de paz e até cadeia.
Em pouco tempo, a chácara estava formada com um cafezinho vistoso, pomar de
frutas, horta variada, criação de porcos, vacas leiteiras e aves. Como era muita gente
para trabalhar e cada qual com sua tarefa, tudo andava bem e depressa. Porcos eram
engordados e, de vez em quando, abatidos para produção de lingüiça e vários outros
derivados. A carne e a banha guardava-se em latas de 20 litros para consumo nas
refeições, preparando-se com essa gordura o arroz e o feijão de todo dia. O leite
rendia subprodutos diversos, as frutas originavam
doces e conservas. Na época da colheita do
café, o empenho de toda a família era total. Até o
pequeno Vicente participava, levando
comida para a roça com uma vara
sobre os ombros e se ocupando
de funções como a varrição do
quintal e o trato das criações.
Foram tempos felizes, em
que finalmente experimentaram
prosperidade. Para completar,
os últimos dois filhos, de um
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