Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
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A Rádio Cultura
foi instalada em
Maringá mesmo
antes da chegada
da energia elétrica,
prestando valiosos
serviços
A falta de energia elétrica não impediu que a cidade de Maringá recebesse uma
emissora de radiodifusão, que foi, aliás, uma das primeiras da região Norte do Paraná.
Um estudo realizado por Ana Paula Machado Velho, Doutoranda do Curso de
Comunicação e Semiótica da PUC/SP e da Universidade Estadual de Maringá
(UEM), em conjunto com Mariane Maio, Fabiane Giandotti, Arieta Arruda e Bárbara
Fernandes, que, em 2005, cursavam o quarto ano de Jornalismo no Cesumar (Centro
Universitário de Maringá), permite conhecer essa história.
A primeira rádio maringaense, a Rádio Cultura, resultou de
uma iniciativa de José Medeiros da Silveira, Odwaldo Bueno
Neto, Amadeu Vuolo e Átila de Souza Melo. O grupo fundou a
emissora em 16 de novembro de 1949, mas não conseguiu
concretizar a transmissão por falta de estrutura. O contrato
acabou cancelado em 19 de janeiro de 1950.
Quem, afinal, conseguiu superar as adversidades e colocar a
emissora no ar foi Samuel Silveira, radialista profissional.
Depois de exercer cargos de gerência em várias emissoras, ele
adquiriu equipamentos e um conjunto gerador e, em 15 de
junho de 1951, a Rádio Cultura de Maringá AM já podia ser
ouvida, o que era um grande acontecimento. Francisco Dias Rocamora foi o técnico
responsável pela montagem e manutenção da rádio. Exercia também as funções de
locutor de estúdio e locutor esportivo e foi ele quem colocou as primeiras palavras no
ar: “Senhores, senhoras, esta é a ZYS-23, Rádio Cultura de Maringá, em 1.520 kHz,
inaugurando suas atividades”.
Inicialmente, a idéia era instalar a emissora em Mandaguari, cidade pólo da região
naquela época. No entanto, como Samuel Silveira era amigo de Alfredo Nyeffler,
gerente da Companhia Melhoramentos em Maringá, acabou mudando de idéia.
A Cultura, então, nasceu praticamente na mesma época de transformação de
Maringá em município. E, para isso, precisou passar por cima de dificuldades. O novo
município não tinha energia elétrica, telefone nem estradas. Não tinha infra-estrutura.
Era uma clareira na mata.
A primeira sede foi em um quarto de madeira, de 36 metros quadrados, na avenida
Herval. Dentro desse pequeno espaço funcionava o estúdio transmissor, a discoteca e
o escritório. Ali, os discos 78 rotações, as pick-ups e os equipamentos da época,
permitiam a irradiação. A antena da rádio ficava numa área que hoje pertence à
Universidade Estadual de Maringá e se encontra a “Casa da Música”. Como não havia
energia elétrica, a rádio funcionava à base de dois motores a óleo diesel. Um estava
instalado no estúdio e outro na torre de transmissão.
Mas, transmitir não era o único problema. Como não existiam transistores, os
rádios eram valvulados, muito caros, o que impossibilitava que qualquer pessoa
tivesse um. Para colocar um aparelho desses em funcionamento eram necessárias 280
pilhas pequenas, que equivaliam a uma pilha grande. O pioneiro Antenor Sanches
lembra que essa pilha grande chegava a ser quase do tamanho do rádio. Algumas
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