Clareira Flamejante - O Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
No papel de empresa cidadã, a Romagnole presta um importante apoio à preservação da memória e dos valores de um povo. Lançado em 2007.
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Quando em 1940, em companhia de outros familiares, Francisco Romagnolo
Junior e sua mulher Natalina Stramandinoli pegaram a estrada em direção ao Paraná,
deixaram para trás uma história comum entre os descendentes de italianos no Estado
de São Paulo. Francisco representava parte do legado dos pais, Ércole Paolo
Romagnolo e Maria Ravegnani que, em 1888, partiram com três filhos da província
de Rovigo, nas cercanias de Pádova, no Vêneto, norte da Itália. Lá, suas famílias
lidavam tradicionalmente com o cultivo de vinhas.
Após longa jornada em um vapor na travessia do Atlântico, Ércole, Maria e os
filhos aportaram em Santos, no litoral brasileiro, de onde, em lombo de burros,
seguiram para São Paulo, cidade que recebia com muitas oportunidades todos os que
chegavam do estrangeiro, principalmente quem se dispusesse a enveredar pelo
interior e trabalhar no campo. Dessa forma, naquelas
mesmas condições de transporte, os Romagnolo
deixaram a capital e fixaram-se em uma propriedade
denominada Fazenda do Banco, no município de
Botucatu, a mais de 200 quilômetros de distância.
Devotado a trabalhar na terra, que foi o que
sempre fez na vida, Ércole o mais novo dentre três
irmãos adaptou-se bem à nova vida e aprendeu logo
a formar lavouras de café, passando a prestar esse
serviço para fazendas na região. Àquela época, os
cafezais faziam a riqueza da maior parte dos municípios
paulistas, de modo que bons profissionais
eram valorizados. Com tal ofício, ao qual dedicou-se
por muitos anos, Ércole conseguiu juntar algum
patrimônio e, ao lado de Maria, criar e encaminhar na vida uma prole formada de oito
filhos - os homens Giovani, Guerino, Giusepe, Santo e Francisco, as mulheres
Tereza, Emília e Albina -, a maioria nascida na virada do século. Ter uma família
numerosa, com muitos braços, era conveniente para que se pudesse enfrentar o
desafio do trabalho diário e prosperar.
Um dos filhos, Francisco, havia nascido em 3 de outubro de 1908 no povoado
de Pardinho. Como os outros irmãos, ele cresceria ouvindo os pais comunicaremse
diariamente no idioma pátrio e a quase tudo entendia sem dificuldades. Os
italianos de origem, mesmo vivendo há muito tempo no País, não abandonavam
seus hábitos, que transmitiam naturalmente aos herdeiros. Desde cedo Francisco
passou a ajudar o pai na lavoura e a compreender que, um dia, quando homem
feito, teria também a sua oportunidade de ser independente, constituir família,
dar muitos netos aos “nonos” e tentar realizar o sonho de ter a própria terra. Já
muito novo ele revelaria interesse por negócios, comprando e vendendo
Trabalhadores
italianos em lavoura
de café no Estado
de São Paulo.
Acervo Edgard
Leuenroth
(Unicamp)
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