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O comum das lutas –<br />
Entre Camelôs e hackers<br />
Bruno Tarin e Pedro Mendes<br />
Não se produz só na fábrica, não se cria só na arte,<br />
não se resiste só na política. Assistimos ao fim dos<br />
suportes em vários domínios, mas também das<br />
esferas em que eles ganham sentido.<br />
Peter Pal Pelbart, Vida Capital<br />
»Camelôs e hackers são expressões da multidão«: só existem, literalmente,<br />
em matilha, até mesmo quando atuam sós. Impossível<br />
pensar em um camelô ou em um hacker que não deva o seu fazer a<br />
um inegável pendor para a relação comum. A própria presença de<br />
um e de outro parecem impregnadas pelo meio ambiente no qual circulam<br />
e o qual ajudam a constituir. Da mesma maneira se inserem<br />
rizomaticamente a uma população de indivíduos semelhantes e, no<br />
entanto, singulares, que os circundam e atravessam. Ambos os grupos<br />
se constituem por meio de um processo afirmativo que desloca<br />
os referenciais tradicionais de espaço e tempo (de trabalho, de vida<br />
etc.). Ninguém é pura e simplesmente camelô ou hacker: as pessoas<br />
se afirmam camelô, realizam práticas camelô, elas se afirmam hacker,<br />
realizam práticas hackers.<br />
Não há algo como um camelô alienado de sua luta para ocupar<br />
de forma produtiva o espaço público urbano. O camelô é aquele que<br />
luta por seu direito de trabalhar, que produz uma rede de circulação<br />
(de mercadorias, de afetos, de saberes etc.) e que organiza um<br />
processo de trabalho [nômade], tudo simultaneamente. Tudo junto<br />
e misturado. Ou não é camelô. Do mesmo modo, o hacker é aquele<br />
que abre espaços onde antes só havia barreiras, que se apropria de<br />
conhecimento ao mesmo tempo em que o faz circular em rede, que<br />
constitui uma ética da cooperação ao mesmo tempo em que aprende<br />
seu ofício. Ou não é hacker. Ou seja, ser ou não ser camelô ou hacker<br />
não está atrelado a identidades e sim ao fato de se produzir camelô<br />
e de se produzir hacker, ser camelô ou hacker nesse sentido não é<br />
uma condição permanente, mas sim uma produção de subjetividades<br />
atreladas a uma série de práticas. Em comum, ambos trabalham<br />
para transformar diuturnamente a falta e os impedimentos em abundância<br />
e liberdade. Da carência à plenitude, da pobreza à autonomia.<br />
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