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4. David Ricardo,<br />

Um Ensaio Sobre<br />

os Lucros, 1815.<br />

Disponível em:<br />

<br />

5. Disponível em:<br />

<br />

e deste modo escapar à necessidade de permitirem que eles se apropriem<br />

do seu trabalho. Isto gera interesses diferentes entre os “proprietários”<br />

de bens produtivos escassos e o resto da sociedade.<br />

De acordo com o uso corrente do termo, a renda econômica é interpretada<br />

como sendo passível de ser aplicada a todo o bem produtivo<br />

escasso. Na época de Ricardo, esse bem era principalmente a terra.<br />

No seu Ensaio sobre os lucros, David Ricardo argumenta. “O interesse<br />

do senhorio opõe-se sempre ao interesse de todas as outras classes na<br />

comunidade” 4 .<br />

A esta oposição dá-se o nome de luta de classes – a luta daqueles<br />

que produzem contra os que possuem. O socialismo e todos os outros<br />

movimentos da “esquerda” utilizam esta luta de classes como ponto de<br />

partida.<br />

O socialismo é a crença de que os próprios produtores deviam possuir<br />

os meios de produção e que a renda não passa de uma forma dos<br />

proprietários roubarem os produtores. Como a frase famosa de Pierre-<br />

Joseph Proudhon no seu clássico O que é a propriedade? publicado em<br />

1840: “a propriedade é um roubo” 5 .<br />

A propriedade não é um fenômeno natural mas algo criado pela<br />

Lei. A capacidade de extrair uma renda depende da capacidade de se<br />

controlar um recurso escasso mesmo quando ele é usado por outrem.<br />

Por outras palavras, a capacidade de obrigar essa outra pessoa a pagar<br />

por ele. Ou, em termos de produção, de obrigá-la a partilhar o produto<br />

do seu trabalho com o proprietário. Isto é controle à distância.<br />

Desta forma, a renda é apenas possível se for apoiada pela força,<br />

que é prontamente proporcionada pelo Estado aos proprietários. Sem<br />

um meio de forçar aqueles que concedem à propriedade um uso produtivo<br />

a partilharem o produto do seu trabalho com o proprietário ausente<br />

e ocioso, este não poderia subsistir, quando mais acumular ainda<br />

mais propriedade, como Ernest Mandel refere no seu O materialismo<br />

histórico e o Estado capitalista (1980): “sem a violência do estado capitalista,<br />

o capitalismo não se encontra em segurança”.<br />

O fim da propriedade é assegurar a existência de uma classe de não<br />

proprietários capazes de produzirem a riqueza desfrutada por uma<br />

classe de proprietários. A propriedade não é amiga do trabalho. Isto<br />

não quer dizer que alguns trabalhadores não se possam tornar proprietários<br />

em nome individual, mas que fazê-lo significa uma fuga da sua<br />

classe. As histórias de sucesso individual não modificam o cenário geral.<br />

Como Gerald Cohen afirmou em tom sarcástico: “Eu quero ascender<br />

com a minha classe e não por cima da minha classe!”.<br />

A situação global atual confirma que, enquanto classe, os trabalhadores,<br />

não conseguem acumular propriedade. Um estudo do Instituto<br />

Mundial de Pesquisa em Economia do Desenvolvimento na Universidade<br />

das Nações Unidas refere que um por cento dos adultos mais<br />

ricos detinha 40 por cento dos bens em todo o mundo no ano 2000. E<br />

169<br />

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