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não pode circular e quais informações e perfis (vida) serão censurados<br />

e / ou irão ser “entregues” aos mecanismos de repressão do Estado.<br />

No entanto, esse esquema não estaria completo se não fosse por outra<br />

dinâmica de captura que, como dissemos, é coextensiva (e essencial)<br />

à primeira, e que se dá por meio da produção de subjetividades capturadas<br />

elas mesmas; esse modelo de captura tem por objeto a construção<br />

de legitimidade (na forma de comando) que embasa e sustenta (inclusive<br />

materialmente, com corpos e mentes) a operação de redução da riqueza<br />

social ao valor (e aos valores) capitalista(s): ou seja, o público – no<br />

sentido de atenção, audiência – como produção do biopoder que não<br />

apenas concorda com as políticas repressivas que visam à privatização<br />

do comum, como chega a conduzi-las ele próprio, por diversas vezes.<br />

É o biopoder, ou seja as tecnologias de controle e modulação, que se<br />

desenvolvem neste novo tipo de captura e exploração. Neste contexto,<br />

as empresas de telecomunicações e os famigerados ‘formadores de opinião’<br />

ocupam uma posição central: e nesse jogo de compadres fica difícil<br />

sequer definir quem vem primeiro, se o ovo (o público) ou a galinha (as<br />

empresas, o poder público e seus marqueteiros).<br />

Nesse ponto, convém recorrer a Foucault, para quem o biopoder<br />

não vem para substituir os aparelhos de soberania ou de disciplina,<br />

mas para reorganizá-los (inclusive materialmente) de modo a que<br />

melhor sirvam a uma extração de vida e de riqueza da população por<br />

parte do poder. Assim, a dimensão extremamente sofisticada de controle<br />

que acabamos de retratar nada tem de intrinsecamente pacífica<br />

ou sublime, como uma leitura apressada poderia indicar. Ou melhor, a<br />

legitimidade do poder ou a produção de subjetividades já capturadas,<br />

que se materializa na paz (seria melhor dizer na pacificação) é apenas<br />

um dos temas possíveis sobre o qual o poder irá incidir, sendo seu repertório<br />

muito mais amplo e plástico do que essa afirmação permite<br />

supor. Contudo, mais que traçar uma genealogia e uma analogia das<br />

formas de controle, comando, captura e exploração contemporâneas,<br />

interessa-nos aqui apontar algumas contradições desse processo que<br />

podem nos ser úteis nas dinâmicas de mobilização de camelôs e de hackers,<br />

mas sobretudo nas articulações políticas que estes dois grupos<br />

podem produzir em conjunto.<br />

Conforme dissemos, o processo segundo o qual o capital se apropria<br />

do valor ocorre após e por fora da esfera de organização da produção – e<br />

muitas vezes até de sua efetivação, e sendo assim como cercear o acesso<br />

e o livre trânsito de pessoas e bens / produções sem comprometer a<br />

existência dele próprio, capital? Quer dizer, por um lado, o capital depende<br />

– para sua própria reprodução – da vitalidade da multidão produtiva<br />

e do comum que ela está continuamente gerando e atualizando<br />

(e aqui a Lapa e a Internet são exemplos vibrantes da monstruosa ‘produtividade’<br />

da multidão), assim como também depende de manter e<br />

aumentar as taxas de consumo para garantir o desenvolvimentismo e<br />

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