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:(){ Copyfight :| Pirataria & Cultura Livre };

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em. Quanto mais bela for, mais forte ela é. A arte livre chama a atenção<br />

para a própria estrutura do espírito humano: renovado pela cultura<br />

e oxigenado pela arte. Sem um cuidado de oxigenação, nós sufocamos,<br />

e isto é um fechamento total. Nós inclusive asfixiamos a liberdade necessária<br />

para se manter uma cultura livre. É por isso que a iniciativa<br />

Atitude Copyleft, que deu origem à LAL, não foi uma questão de reflexão<br />

profunda, mas de intuição aplicada. Se a <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> é inteligente,<br />

nós até já ouvimos ela ser descrita como inteligência coletiva, a arte<br />

livre é uma atividade que prospera sem muita reflexão. É o impulso que<br />

se abre, desenha na vida, e leva à criação.<br />

É da essência da razão nos limitar a um determinado círculo.<br />

Mas a ação quebra o círculo. Se você nunca viu um homem<br />

nadando, você poderia dizer que nadar é impossível, uma<br />

vez que, para aprender a nadar, deve-se começar por boiar<br />

na água, e, portanto, já saber nadar. A razão vai sempre me<br />

pregar em terra firme. Mas se eu simplesmente saltar na água<br />

sem medo, conseguirei ficar acima da água lutando para permanecer<br />

na superfície, e pouco a pouco me adaptarei ao novo<br />

meio. Eu vou aprender a nadar [...] É preciso forçar as coisas<br />

um pouco, e por um ato de vontade, empurrar a inteligência<br />

para fora da fortaleza da razão. 20<br />

Vamos agora examinar a natureza da arte livre, expondo a hipótese<br />

de que a criação tende para o “não criado”.<br />

3) Arte <strong>Livre</strong> tende em direção ao que ainda não foi criado<br />

20. Henri Bergson,<br />

L’évolution créatrice,<br />

PUF, Quadrige, 2006,<br />

p. 193-5.<br />

21. Simone Weil, La<br />

pesanteur et la grâce,<br />

Plon, Agora, 1947 et<br />

1988, pages 81 and<br />

130.<br />

“Descriação”: passar do criado ao não criado.<br />

Destruição: passar do criado ao vazio. Descriação inautêntica..<br />

[...]<br />

A criação: espalhar pequenos pedaços de bem em uma quantidade<br />

de mal.<br />

O mal não tem limites, mas não é infinito<br />

Apenas o infinito limita o ilimitado 21<br />

Devemos observar que a arte livre não exibe necessariamente todas<br />

as características habitualmente atribuídas à criação artística. Devido<br />

à sua abertura, há também o risco de destruição. Mas seu movimento<br />

é baseado em um processo de “descriação” que se abre para o que<br />

ainda não foi criado. Isto pode levar tanto a um estado de mediocridade<br />

quanto a um estado de invenção genuína. Se tentarmos encontrar<br />

marcos na história da arte recente, poderíamos dar como exemplos a<br />

arte bruta inventada por Dubuffet e a ready-made de Duchamp. Arte<br />

163<br />

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