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sem cor, sem nacionalidade, sem religião... e vocês nos chamam<br />
de criminosos. Vocês constroem bombas atômicas, vocês<br />
fazem guerras, vocês matam, trapaceiam e mentem para<br />
nós e tentam nos fazer crer que é para o nosso bem, e mesmo<br />
assim nós somos os criminosos. Sim, eu sou um criminoso.<br />
Meu crime é a curiosidade. Meu crime é julgar as pessoas pelo<br />
que elas falam e pensam, e não por suas aparências. Meu crime<br />
é ser mais inteligente que você (saber os seus segredos),<br />
algo pelo qual você nunca me perdoará. Eu sou um hacker e<br />
este é meu manifesto.<br />
Como pode-se ver ao praticarem atos que fogem às regras do Estado<br />
e do mercado, considerados crimes, ou quando atacam os bons<br />
costumes e a moral, eles não se veem como “ladrões”, “bandidos” ou<br />
“depravados”. Pelo contrário, se veem prestando um serviço valioso a<br />
toda humanidade, ao disponibilizarem e lançarem mão de recursos<br />
que antes eram acessíveis somente a poucos, e ao permitirem a ampliação<br />
da compreensão sobre e da vida e suas dinâmicas; em última<br />
instância, ao facilitarem e produzirem transformações e mudanças,<br />
melhoramento dos “sistemas”: ativando a força-invenção. A ética hacker<br />
é uma ética da sabotagem, mas também uma ética da autonomia,<br />
em que a autonomia hacker se materializa na liberdade de criar e usar<br />
suas próprias determinações, suas próprias valorizações.<br />
Finalmente, os hackers, o ponto de vista do espaço que os envolve<br />
e a maneira como produzem este espaço, têm muito a contribuir com<br />
uma teoria contemporânea do conflito, pois explicitam que qualquer solução<br />
possível para a desigualdade não pode vir da pacificação ou pelo<br />
silenciamento das vozes discordantes, mas apenas através da democratização<br />
mesma das condições, regras e direitos sobre e da vida. O que, na<br />
maioria das vezes, não acontece sem uma certa dose de violência.<br />
Quem é quem no mundo do trabalho – e da exploração – atual<br />
A produção biopolítica do território (as ruas, mas também a rede<br />
pensada como ciberespaço) passa por importantes transformações<br />
enquanto base para a construção e desenvolvimento de novas relações<br />
sociais, sejam elas relações de trabalho ou “apenas pessoais” –<br />
na verdade, pouco importa: no paradigma imaterial atual, elas são<br />
ambos. O espaço onde são jogadas as partidas da produção biopolítica,<br />
passa assim do estado de campo árido em que grassam as condições<br />
mais árduas da pobreza [a falta] à rica seara de trocas intersubjetivas<br />
(comunicativas, afetivas, criativas – produtivas, enfim), dando<br />
origem a um território híbrido – nem físico, nem imaginário, mas ambos<br />
– em que a principal e enorme riqueza é o próprio trabalho vivo.<br />
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