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9. Nota dos tradutores:<br />

McJob (McEmprego)<br />

é uma gíria, mais<br />

comumente utilizada<br />

em países de língua<br />

inglesa, para se referir<br />

a empregos de baixo<br />

salário, baixo prestígio,<br />

que requerem poucas<br />

habilidades e oferecem<br />

poucas possibilidades de<br />

crescimento profissional.<br />

O termo é um trocadilho<br />

com o nome da rede de<br />

lanchonetes McDonald’s,<br />

reconhecida<br />

internacionalmente por<br />

empregar adolescentes e<br />

jovens sem experiência<br />

ou qualificação e por<br />

oferecer em contrapartida<br />

salários muito<br />

baixos, mas é usado para<br />

descrever qualquer trabalho<br />

de baixo prestígio<br />

onde pouco treinamento<br />

é requerido, a rotatividade<br />

de mão de obra é<br />

grande, e as atividades<br />

dos trabalhadores são<br />

reguladas firmemente<br />

por gerentes.<br />

sido usado para se concentrar mais nas transformações das condições<br />

de trabalho do que sobre os novos modos parasitários de extração do<br />

mais-valor. Na teoria clássica, a renda se distingue do lucro. Renda é o<br />

ganho parasitário que um proprietário pode ganhar apenas por possuir<br />

um bem e que tradicionalmente se refere à propriedade de terra.<br />

Lucro, pelo contrário, deve ser produtivo e se refere ao poder do capital<br />

para gerar e extrair mais-valor (do valor da mercadoria e da força de<br />

trabalho) [VERCELLONE, 2006]. Vercellone critica a ideia de um “capitalismo<br />

produtivo bom” apontando para o devir-rentismo do lucro<br />

como a força motriz da economia atual: por trás da publicidade exagerada<br />

da inovação tecnológica e da economia criativa, o capitalismo<br />

em sua totalidade está reproduzindo uma natureza subterrânea parasitária.<br />

Então o lema de Vercellone se torna “rentismo é o novo lucro”<br />

no capitalismo cognitivo. O rentismo é parasitário, porque é ortogonal<br />

à linha do lucro clássico. Parasitário significa etimologicamente “comer<br />

na mesa do outro,” sugando mais-valor não diretamente, mas de uma<br />

forma furtiva. Se produzimos livremente e de graça na frente de nossos<br />

computadores, com certeza alguém tem as mãos em nossa carteira. O<br />

rentismo é o outro lado do comum − uma vez esteve sobre a terra comum<br />

e, hoje em dia, sobre o comum da rede.<br />

O devir-rentismo do lucro significa uma transformação tanto da<br />

gestão quanto da força de trabalho cognitiva. A autonomização do capital<br />

tem crescido em paralelo com a autonomização da cooperação.<br />

Os gerentes de hoje estão lidando cada vez mais frequentemente com<br />

tarefas financeiras e especulativas, enquanto os trabalhadores estão a<br />

cargo de um gerenciamento distribuído. Nesta evolução, o cognitariado<br />

é dividido em duas tendências. De um lado os trabalhadores cognitivos<br />

altamente qualificados se tornam “funcionários do rentismo do<br />

capital” [NEGRI, VERCELLONE, 2007] e são cooptados pelo sistema<br />

de rentismo através de ações (stock options). Do outro lado a maioria<br />

dos trabalhadores enfrenta um rebaixamento (déclassement) das<br />

condições de vida, apesar de se tornarem mais ricos em habilidades<br />

e em conhecimento. Não é um mistério que a Nova Economia gerou<br />

mais McEmpregos 9 . Este modelo pode ser facilmente aplicado à economia<br />

da Internet e sua força de trabalho, onde os usuários são responsáveis<br />

pela produção de conteúdo e gerenciamento web, mas não<br />

compartilham qualquer lucro. Grandes corporações como Google, por<br />

exemplo, ganham dinheiro sobre a economia da atenção do conteúdo<br />

gerada pelo próprio usuário, com os seus serviços Adsense e Adwords.<br />

Google fornece apenas uma pequena infraestrutura para a propaganda<br />

web que se infiltra em páginas na Internet, como um parasita sutil, engenhoso<br />

e monodimensional, extraíndo lucro sem produzir qualquer<br />

conteúdo. Obviamente, parte do valor é compartilhado com os usuários<br />

e os programadores do Google são pagos em ações (stock options)<br />

para desenvolverem algoritmos mais sofisticados.<br />

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