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desenvolver os processos de acumulação, que atualmente são sustentados<br />

através do acesso abundante ao crédito por partes da população<br />

que até pouco tempo atrás eram tidas como “marginais” [insolventes]<br />

a economia principal - as ditas classe D e E - que a partir das políticas<br />

de pacificação e de abundância de crédito são incluídas na economia<br />

principal como classe C e podem ter acesso formal - diga-se de passagem,<br />

pagando preços exorbitantes e sendo excluídos, sempre que<br />

possível, dos processos decisórios e de gestão - aos serviços de atenção<br />

e cuidado (educação, saúde, comunicação etc.), ao consumo de bens<br />

altamente industrializados (computadores, carros, smartphones etc.) e<br />

a moradia legalizada (possibilidade de compra de bens imobiliários a<br />

juros baixos à perderem de vista). Tal e qual um vampiro, o capital, depende<br />

do sangue de suas vítimas saudáveis para sobreviver; por outro<br />

lado, potência demais (acesso aos recursos assim como a possibilidade<br />

de criação de novos usos e reapropriação dos bens materiais e imateriais)<br />

implica em liberdade máxima, fazendo com que a multidão – e<br />

logo, o sujeito coletivo (a subjetividade) do trabalho vivo – se erga ao<br />

status de possível algoz do capital, ameaça última às relações de comando<br />

e acumulação por ele preconizadas: contradição explosiva que<br />

nos dá a certeza de tempos interessantes por-vir.<br />

Entretanto, o que se vê atualmente parece ser um pêndulo, que se<br />

articula entre as práticas de liberdade do trabalho vivo, e, portanto da<br />

organização do comum e a desestruturação do capital, e os sofisticados<br />

mecanismos de modulação da potência multitudinária e, portanto a reestruturação<br />

do capital – tanto em termos de uma governança da fragmentação,<br />

que visa manter os nós da rede bem longe uns dos outros;<br />

ou seria melhor dizer, competindo entre si por migalhas de bem-estar<br />

privado? (leia-se a alta competitividade para o acesso a renda, que nas<br />

ditas “indústrias criativas” se materializa de forma absoluta e o crédito<br />

abundante para um débito ainda maior), quanto na redução da potência<br />

da multidão a uma espécie de tom monocórdio que mantém o monstro<br />

adormecido, algo como uma multidão em estado de suspensão – não<br />

sem grandes doses de violência, é bom que se diga. De toda forma, o dilema<br />

enfrentado pelo capital parece o do gigante que, uma vez de posse<br />

da galinha dos ovos de ou(t)ro, tem que optar entre a sujeição aos tempos<br />

e condições da galinha, ou abri-la e correr o risco de provocar sua<br />

morte, o quê, no caso do capital, implicaria em sua própria morte.<br />

Com efeito, e voltando a nos debruçarmos sobre as articulações políticas<br />

entre hackers e camelôs, as ruas, como a rede, devem ser pensadas,<br />

a nosso ver, como materialização de um trabalho cooperativo, que<br />

produz e atualiza continuamente o comum e que, estando em todo<br />

lugar, não está em lugar algum – nenhum ponto comercial, nenhum<br />

interesse público / geral, nenhum produto, nenhum copyright, nenhuma<br />

marca ou mercadoria dá conta do investimento / cuidado multitudinário<br />

(de vida) que está na base dessa produção difusa.<br />

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