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» Trabalho sem Obra, Obra sem Autor «<br />
»Valeria a pena começar do início. No nosso caso, isso significa<br />
perguntar se o termo “trabalho imaterial” é apropriado. De fato, paradoxalmente,<br />
falar hoje em “trabalho imaterial” não significa falar em<br />
abstração, mas, ao contrário, de um mergulho real no concreto, na<br />
matéria.« Então, o que estamos lidando aqui não é mais espiritualidade<br />
ou visão além do alcance, mas uma imersão em meio a corpos,<br />
uma expressão da carne. O trabalho imaterial produz produtos materiais,<br />
mercadorias e comunicação. É organizado socialmente através<br />
de redes linguísticas, coorporativas, eletrônicas e digitais, todas<br />
extremamente materiais, e tem lugar através de tipos de associação<br />
– e movimentos – que são multitudinários. Portanto, estamos lidando<br />
com uma imaterialidade que é bastante plena de carne, muito móvel<br />
e muito flexível: um conjunto de corpos.<br />
Agora, do ponto de vista da arte, isto nos leva ao paradoxo desta<br />
história: o desenvolvimento artístico transformou em figuras corporais<br />
a abstração das relações sociais em que vivemos; e isto deu importância<br />
à vitalidade da carne – por meio de imagens que se movem e fluem,<br />
num processo de contínua transformação.<br />
De Bacon a Warhol ou Park Yong, o artista imagina, num espaço<br />
denso, um magma indistinto; e sem medo, considera a perspectiva<br />
de um mundo livre de sua arquitetura interna. Doravante o desenvolvimento<br />
artístico tem lugar em termos biopolíticos tanto quanto em<br />
termos imateriais. A tentativa de reimaginar a comunicação social e<br />
compreender sua figura móvel é acompanhada por um mergulho num<br />
mundo borbulhante e caótico, que é produtor de formas de vida. De<br />
um ponto de vista tanto intensivo quanto extensivo, o paradoxo artístico<br />
atual consiste no desejo de produzir o mundo (corpos, movimentos)<br />
de forma diferente – e ainda, de dentro de um mundo que não admite<br />
outro mundo diferente daquele que realmente existe, e que sabe que<br />
o “fora” a ser construído só pode ser o outro dentro de uma absoluta<br />
dentrilateralidade 2<br />
Claro, a descrição de largas pinceladas que tenho dado aqui não<br />
tem a pretensão de oferecer uma nova narrativa da história da arte.<br />
Simplesmente, o ponto é que a atividade artística sempre existe dentro<br />
de um modo específico de produção, e que o reproduz – ou, mais<br />
exatamente, que o produz e contesta, que sofre e o destrói. A atividade<br />
artística é um modo – uma forma singular – da força de trabalho.<br />
Não é por acaso que todos os produtos da atividade artística podem<br />
facilmente se transformar em mercadorias e, pela chave inversa, podese<br />
atribuir a um produto um valor particular caso apresentado como<br />
sendo na realidade uma invenção – em outras palavras como um produto<br />
sui generis, como uma irredutibilidade singular. A obra de arte é<br />
sempre indissociavelmente duas coisas – aliás, como todos os objetos<br />
produzidos na Era do capitalismo: é tanto atividade quanto mercadoria.<br />
E é com base nesta unilateralidade dupla da atividade produtiva<br />
2. No original, insidedness.<br />
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