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» p.190 - O funk carioca e a liberdade «<br />
ginalização dos idosos e jovens etc. Essa incapacidade do comando e do<br />
controle capitalistas de impor o seu valor e a sua medida, assim como<br />
determinar os processos de organização e transformação do trabalho,<br />
como dito, só pode vir ancorada no aprofundamento de uma nova ética<br />
baseada no trabalho vivo e na força-invenção onde se desenvolvem: as<br />
capacidades de determinar [inventar] o próprio trabalho e valorizá-lo<br />
através do embricamento entre ação e liberdade, entre invenção e autonomia<br />
articuladas no aprofundamento do comum.<br />
Nesse sentido, ao pensarmos num commonfare, a flexibilização e/ou<br />
abolição da propriedade intelectual não poderia estar desassociada de<br />
políticas de redistribuição de renda que garantam a remuneração do trabalho<br />
livre [autônomo] e reafirmem a multidão como sujeito da produção<br />
da riqueza contemporânea [inclusive e principalmente de mundos].<br />
Juntos, os que realizam o trabalho vivo podem vir a ser o sujeito de um<br />
eventual direito à renda, não na forma de complemento ou substituto da<br />
renda do trabalho, mas como a própria renda de um trabalho que, por<br />
não ser reconhecido, tampouco é remunerado. Ou seja, o próprio fato de<br />
estar vivo, falamos aqui do direito a renda básica universal.<br />
Da mesma maneira, as alternativas do tipo crowdfunding podem<br />
exercer um importante papel na vascularização e abertura de algumas<br />
relações de produção. »Assim como a organização e produção de cooperativas<br />
de cultura e software livre, de camelôs, catadores de lixo etc.<br />
são de suma importância.« Contudo nos parece que essas alternativas<br />
por mais importantes que sejam - e são com certeza - acabam por serem<br />
insuficientes para se contraporem à expropriação do comum por<br />
parte do capital – crowdsourcing. Por isso, insistimos que é necessário<br />
que elas sejam complementadas por políticas de democratização do<br />
orçamento e da gestão das verbas públicas – nesse caso tornadas comuns<br />
– que viriam acompanhadas de uma verdadeira abertura à circulação<br />
dos saberes e à ocupação produtiva dos espaços fora das dinâmicas<br />
de acumulação e exploração do capital.<br />
Poderíamos dizer então que no devir-hacker dos camelôs e no devir-camelô<br />
dos hackers emergem dois componentes centrais que rompem<br />
com a racionalidade Estado-Capital, a autodeterminação política<br />
e a autovalorização sabotadora. Eis aí, os elementos possíveis de uma<br />
ética camelô atravessada pelo nomadismo hacker.<br />
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