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obras derivadas somente sob uma licença idêntica à licença que rege<br />
sua obra) 16 , duas licenças copyleft que dizem respeito a projetos não<br />
relacionados a software.<br />
A arte livre evita de forma muito concreta a apropriação exclusiva.<br />
Como as línguas humanas, ela irriga e nutre a mente de uma pessoa<br />
antes de seguir adiante, indefinidamente e sem propósito, até que deixe<br />
uma marca de remanescentes e traços intangíveis de sua passagem.<br />
Palavras, imagens, sons, gestos etc. Assim, a arte, livre e aberta, é renovada<br />
e mantida viva.<br />
Definitivamente inexpugnável, ela não se prende e pode ser entendida<br />
apenas por um momento enquanto ela se move, aparece e evolui.<br />
E ela aproveita este momento como uma eternidade, uma vez que a<br />
arte livre, graças à proteção copyleft, não pode ser capturada por qualquer<br />
força que queira parar seu curso. E, portanto, mesmo que seja<br />
feita de produtos limitados, ela se assemelha mais a um movimento,<br />
mesmo que seja comercialmente livre. Não é só uma questão de observar<br />
os produtos acabados, mas de ver a conjunção de espírito e matéria.<br />
A mente humana é amplificada por um aditivo não material que:<br />
dade como tal, e para<br />
todas as questões<br />
emergentes desta<br />
representação.” Pierre<br />
Legendre , Leçons VI,<br />
Les Enfants du Texte.<br />
Etude sur la fonction<br />
parentale des Etats,<br />
Fayard, 1992, P. 69.<br />
[...] Encontra sua fonte na separação de matéria e software.<br />
[...] Qualquer documento digitalmente conservado só existe<br />
em fragmentos dispersos, que podem ser duplicados e multiplicados,<br />
atualizados e transformados. Isto não consiste em<br />
uma coisa material, mas em circuitos de uma rede neural. E<br />
não se trata de circuitos como circuitos, mas de sua física. Não<br />
se trata de uma oposição entre material e imaterial, mas de<br />
um estado da matéria… 17<br />
Se fixarmos o copyleft como um princípio orientador, a arte livre 18<br />
se conecta com o que a arte sempre foi, desde tempos remotos, mesmo<br />
antes de reconhecerem que ela possui uma história: uma elaboração<br />
da mente, em revolta contra uma cultura que gostaria de dominá-la<br />
e entendê-la. A arte livre inventa formas que acham a mente humana<br />
para além da imaginação, para além de um projeto, de uma projeção<br />
calculada. Sem motivo, a invenção supera os cálculos cotidianos.<br />
Porque não há nenhuma recompensa, nenhum efeito multiplicador<br />
financeiro, nenhum retorno sobre o investimento. É por isso que a arte<br />
como arte livre libera quem a pratica, e libera ainda o pensamento de<br />
liberdade quando ele se torna um slogan, um absoluto, um fetiche ou<br />
um ingrediente cultural. Parafraseando Theodor Adorno, poderíamos<br />
dizer que a arte livre é aquela que resiste a sua assimilação cultural gratuita<br />
19 .<br />
Mas a arte livre, ao se aventurar pela <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> e proceder de<br />
forma negativa, não é necessariamente iconoclástica ou contraditória.<br />
Ela não destrói sua área de atuação, ela funciona com um corpo, e o faz<br />
16. Attribution Share-<br />
Alike 3.0 Unported,<br />
<br />
17. Clarisse Herrenschmidt,<br />
Les trois écritures.<br />
Langue, nombre,<br />
code, Gallimard, 2007,<br />
p. 453-54.<br />
18. (Não vamos usar<br />
capital para mostrar<br />
que não há nada<br />
grandioso sobre isso.)<br />
19. Citado por Christiane<br />
Carlut: “Adorno<br />
definiu uma obra de<br />
arte como algo que<br />
oferece uma resistência<br />
à sua assimilação<br />
na cultura”. Copyright/<br />
Copywrong, Editions<br />
Memo, 2003, p.18.<br />
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