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» p.75 - Sobre guerrilhas e cópias «<br />

Na mesma carta, a direção da ACAPOR exprimia ainda o desejo da<br />

demissão do então Ministro da <strong>Cultura</strong> José António Pinto Ribeiro, que<br />

fizera uma analogia entre filmes e discos baixados da Internet e dinheiro<br />

apanhado no chão: em ambas situações, as pessoas se limitavam a<br />

usar o que está disponível. Pinto Ribeiro disse ainda que não admitia<br />

restrições a quem baixa conteúdos protegidos por direito autoral. Na<br />

sua opinião, o corte da conexão tal como previsto no sistema francês<br />

não fazia sentido em Portugal porque “tal atitude não é coisa de um<br />

Estado de direito.” (Rádio Renascença 2009).<br />

Na época, as declarações mereceram fortes críticas da SPA, bem<br />

como do Mapinet, um autodenominado “movimento cívico” anti-pirataria,<br />

sobre o qual recaíam fortes suspeitas de consistir numa organização-satélite<br />

da ACAPOR. Por conta dos protestos, Pinto Ribeiro foi<br />

obrigado a esclarecer a sua posição, explicando que “obviamente” não<br />

estava a favor de práticas ilegais (Coutinho 2009).<br />

Independentemente da pressão da ACAPOR, é certo que José Sócrates<br />

satisfez parcialmente os desejos da associação ao escolher a pianista<br />

Gabriela Canavilhas para a pasta da <strong>Cultura</strong>. Ao contrário de Pinto Ribeiro,<br />

a nova ministra parecia ter uma visão mais próxima das corporações.<br />

Numa entrevista publicada após a sua tomada de posse, Canavilhas entendia<br />

como natural a adoção da medida do corte do acesso, depois de<br />

avisos e mediante decisão judicial. Esta intenção foi na ocasião saudada<br />

por Eduardo Simões, presidente da AFP, que ainda admitiu que um processo<br />

sem recurso a tribunais seria mais do agrado do setor.<br />

Não obstante, até o final da seu mandato, o governo socialista acabou<br />

por não concretizar esta promessa. Isto apesar da pressão de músicos<br />

portugueses perante partidos políticos na Assembleia da República<br />

(Correio da Manhã, 2011), bem como de textos de responsáveis<br />

das associações industriais na mídia recorrendo a leituras parciais de<br />

dados sobre os efeitos da lei francesa (Simões 2011; Krippahl 2011). No<br />

leque de recursos da indústria cultural, a chantagem emocional destaca-se<br />

também como instrumento de lobbying (LUSA 2010). Aqui, parte-se<br />

do pressuposto – errado – que o Estado deve atuar em benefício<br />

de determinadas atividades econômicas em detrimento de outras mais<br />

dinâmicas, sempre que a inovação destas coloca em risco o modelo de<br />

negócios daquelas (Patry 2009).<br />

O acesso à internet enquanto direito fundamental dos cidadãos<br />

»Apesar do lobby em prol de soluções simplistas como a resposta<br />

gradual, o movimento de resistência em torno destes mecanismos<br />

conquistou fortes apoios junto às instâncias supranacionais.« Prova<br />

disso é a emenda 46 do Pacote Telecom, que visa agrupar as leis relativas<br />

às comunicações eletrônicas da União Europeia. Em alteração à<br />

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