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ém construa alternativas para a produção e difusão das músicas, contribuindo<br />
para sua profissionalização. Bailes comunitários em espaços<br />
diversos e mesmo nas ruas, redes de rádios e TVs comunitárias com<br />
programas voltados para o funk, produção e distribuição alternativa<br />
de CDs e DVDs dos artistas, concursos de rap são algumas das iniciativas<br />
que os profissionais do funk, fortalecidos e unidos, podem realizar.<br />
Com isso, será possível ampliar a diversidade da produção musical<br />
funkeira, fornecer alternativas para quem quiser entrar no mercado,<br />
além de assessoria jurídica e de imprensa, importantes para proteger<br />
os direitos e a imagem dos funkeiros.<br />
Para cumprir essa missão, surgiu a Associação dos Profissionais e<br />
Amigos do Funk (Apafunk). Na época, acabava de entrar em vigor a lei<br />
5265/2008, que praticamente acabava com os bailes funk ao exigir de<br />
seus organizadores inúmeras condições absurdas. De autoria de Álvaro<br />
Lins (ex-chefe de polícia e ex-chefe de quadrílha), a 5265 tinha sido<br />
aprovada com apenas um voto contrário (Marcelo Freixo). A estratégia<br />
de luta do nosso movimento funkeiro foi ocupar as ruas para informar,<br />
mobilizar e criar pressão. Reivindicando a negritude da cultura funk e a<br />
força das rodas de capoeira e das rodas de samba, a Apafunk promoveu<br />
rodas de funk pela cidade. Na Central do Brasil, atingimos alguns mil.<br />
Na CDD e no Santa Marta, onde as UPP’s censuraram nosso som, as caixas<br />
da Apafunk libertaram o tambor, com advogados de plantão e muita<br />
disposição. As favelas sem UPP também não ficaram de fora. Escolas,<br />
praças públicas, universidades, cadeias... O pancadão abalou geral.<br />
No dia 1º de setembro de 2009, a Assembleia Legislativa era composta<br />
pelos mesmos deputados que haviam aprovado a lei antibaile funk<br />
no ano anterior. A diferença não estava dentro do parlamento, mas justamente<br />
nas escadarias do lado de fora, onde a massa funkeira tomava<br />
um dos principais palcos da democracia carioca. A Apafunk comandava<br />
a kizomba, com o reforço da bateria da Mangueira e de “celebridades”. A<br />
mídia em peso. Na roda de Funk da Alerj, o clima era de emoção intensa<br />
entre os mais de 1200 presentes. Era a hora de colher os frutos semeados<br />
ao longo de um ano e dois meses. O resultado mais curioso foi a<br />
derrubada da lei 5265 por unanimidade (isso mesmo, com Álvaro Lins<br />
recém cassado por corrupção, nenhum deputado se opôs a revogação<br />
de sua lei). O resultado mais forte foi a aprovação da lei que reconhece<br />
o funk como manifestação cultural popular (5543/2009), a partir da atuação<br />
parlamentar de Marcelo Freixo. E o resultado mais inspirador foi a<br />
primeira “funkeata”, com os mais de mil funkeiros cantando inspirados<br />
os clássicos do funk carioca em passeata saindo da Alerj rumo ao Circo<br />
Voador, onde a comemoração foi 0800 (e com proteção policial!).<br />
Contudo, uma norma da Secretaria de Segurança Pública continuou<br />
em vigor. Editada no primeiro ano do governo Cabral, em 2007,<br />
pelo Secretário Beltrame, a norma restou como “fundamento jurídico”<br />
para a maior parte dos casos de proibições de bailes funk pela cidade.<br />
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