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A “Resolução 013”, como é conhecida, dá às autoridades policiais plenos<br />
poderes para proibir eventos desportivos, sociais ou culturais. A<br />
despeito da Constituição “democrática”, podemos dizer que, enquanto<br />
tal norma não cair, os organizadores de eventos ficarão submetidos ao<br />
delegado de polícia, ao comandante do batalhão da PM ou ao comando<br />
das Unidades de Polícia Pacificadora (as UPP’s). Na prática, isso não<br />
significa muito para quase todos os gêneros musicais, mas para o funk<br />
significa que os bailes estão proibidos na maior parte da cidade. Uma<br />
proposta de alteração dessa resolução, elaborada pela Apafunk, Fundação<br />
Getúlio Vargas e Secretaria de <strong>Cultura</strong>, está sendo estudada pela<br />
Secretaria de Segurança.<br />
A menos de um mês do Rio Parada Funk, o maior evento de funk<br />
carioca de que se tem notícia confirma 10 equipes de som, 40 DJ’s e 50<br />
MC’s em plena avenida Rio Branco. Foi articulado principalmente pelo<br />
Circo Voador, em conjunto com a Apafunk e equipes de som. Mais do<br />
que somente uma festa, o Rio Parada Funk é um ato afirmativo, pois<br />
propõe a união de todo o movimento funk para a ocupação dos espaços<br />
públicos. É a mesma sintonia das bem sucedidas rodas de Funk. É<br />
uma resposta à visão preconceituosa de quem criminaliza o pancadão<br />
e não admite que o funk é uma cultura. Ma para entendermos melhor a<br />
luta que o funk trava contra o preconceito e a criminalização, é preciso<br />
lembrar do que chamamos de “diáspora africana”.<br />
Com a escravidão dos negros, massas de africanos foram espalhadas<br />
pelo mundo. Com eles, suas culturas, seus penteados, seus batuques,<br />
seus ritmos, danças, crenças e formas de expressão. Em cada<br />
lugar suas culturas se desenvolveram da sua própria maneira, com<br />
influências específicas da miscigenação local. Nas lavouras de algodão<br />
do sul norte-americano, os cantos negros deram origem ao blues e<br />
marcaram as igrejas protestantes negras. Eram cantos do trabalho, semelhantes<br />
aos das lavadeiras nos rios brasileiros, gestantes do samba<br />
e do côco. Da fuga dos escravos surgiu a capoeira, que não é só dança,<br />
não é só luta, não é só música, não é esporte nem arte-marcial; é cultura<br />
(a palavra “capoeira”, do tupi-guarani, faz referência à mata rasteira<br />
em que escravos fugidos teriam que se esconder do capitão do mato<br />
para a conquista da Liberdade). E o funk, veio de onde?<br />
Mobilizando para o Rio Parada Funk, Serjão Loroza dispara: “Somos<br />
cariocas, somos suburbanos, somos funkeiros automaticamente<br />
porque o funk faz parte da nossa cultura, assim como o samba (...)<br />
Achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado, morô?” Serjão se<br />
refere à acusação de que o funk seria americano, não brasileiro. Isso<br />
porque sua origem é o Miami Bass, produzidos em Miami e tocado<br />
nos bailes da juventude carioca freqüentados por diversos grupos do<br />
subúrbio e das favelas do Rio de Janeiro desde os anos 1970. Uma<br />
batida em especial se encontrou com os DJ’s daqui: era o VoltMix,<br />
pulsação grave tradicional que embalou os primeiros funks daqui.<br />
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