04.09.2015 Views

:(){ Copyfight :| Pirataria & Cultura Livre };

COPYFIGHT_web

COPYFIGHT_web

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1. O Acordo Comercial<br />

Anticontrafação<br />

(ACTA) é um tratado<br />

internacional que<br />

busca reduzir a pirataria<br />

no âmbito das<br />

patentes e dos direitos<br />

autorais. O Acordo<br />

encontra não foi<br />

adotado globalmente<br />

devido aos enormes<br />

prejuízos que traria às<br />

nações mais pobres.<br />

Já o Ato contra a <strong>Pirataria</strong><br />

Online (SOPA) e<br />

o Ato de Prevenção de<br />

Ameaças Online Reais<br />

à Criatividade Econômica<br />

e Roubo de Propriedade<br />

Intelectual<br />

(PIPA) são projetos de<br />

lei norte-americanos<br />

que ampliavam<br />

os mecanismos de<br />

censura e controle<br />

da informação na<br />

Internet para privilegiar<br />

os detentores de<br />

“propriedade intelectual”,<br />

como as grandes<br />

empresas e associações<br />

da indústria do<br />

entretenimento. Após<br />

grande mobilização<br />

internacional, os<br />

projetos foram engavetados.<br />

Importante<br />

notar que também<br />

foram contra o projeto<br />

grandes empresas,<br />

mais adaptadas ao<br />

capitalismo do século<br />

XXI (Google, Facebook,<br />

Twitter, Yahoo,<br />

Amazon), ao lado<br />

lizar”. Americanos eram tão conhecidos como contra-bandistas que<br />

os europeus começaram a se referir a eles com a palavra holandesa<br />

“janke”, então gíria para piratas, que hoje é pronunciado “ianque”, descreve<br />

Matt Mason, autor do “The Pirate Dilemma”.<br />

No livro <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong>, Lawrence Lessig reconhece como a indústria<br />

do entretenimento norte-americana também estabeleceu sua hegemonia<br />

após uma série de “atentados à propriedade”. Empresas como a Fox<br />

surgiram da fuga em massa de profissionais do cinema para a Califórnia,<br />

no início do século XX, para escapar do controle de Thomas Edison,<br />

dono das patentes do cinematógrafo. A Companhia criada por Edison<br />

(Motion Pictures Patents Company) tornou-se famosa por confiscar<br />

equipamentos e suspender o fornecimento de produtos a cinemas que<br />

exibiam filmes não-autorizados. Alguns realizadores independentes<br />

resistiram, como William Fox, que rumou com outros à região hoje conhecida<br />

como Hollywood para poder piratear livremente a invenção de<br />

Thomas Edison. Do mesmo modo, Lessig aponta casos semelhantes na<br />

indústria fonográfica, rádio e TV a cabo. Hoje, estas mesmas empresas<br />

são as principais lobbistas para a implementação de mecanismos jurídicos<br />

mais duros de “proteção à propriedade intelectual”, apoiando recentemente<br />

iniciativas de regulação e controle global bastante controversas,<br />

como o PIPA, SOPA, ACTA 1 . Nacionalmente, é possível ainda observar<br />

reflexos de medidas como esta na atual proposta de Reforma da Lei de<br />

Direito Autoral do governo Dilma Rousseff, que permite a remoção sem<br />

ordem judicial de conteúdos publicados na Internet sem autorização<br />

dos detentores da “propriedade intelectual”.<br />

O conflito colocado aqui em foco manifesta-se também no campo<br />

das propriedades industriais. No caso das patentes, é crítico o avanço<br />

ilimitado da propriedade privada sobre medicamentos e mesmo a<br />

vida, através da apropriação privada de recursos genéticos da natureza<br />

e do corpo humano. Por outro lado, nota-se também um movimento<br />

crescente de práticas e tecnologias baseadas na lógica do Faça-Você-<br />

Mesmo ou Faça-Com-Os-Outros, bem como de defensores de mecanismos<br />

que permitam mais concorrência entre as empresas, como no<br />

caso dos medicamentos genéricos e de propostas liberais de reforma<br />

do sistema de patentes. As patentes individualmente garantem apenas<br />

monopólios sobre determinadas técnicas e não raro se tornam empecilhos,<br />

não incentivos à pesquisa científica. No casos dos patenteamento<br />

genético, por exemplo, a patente não serve como um estímulo à<br />

inovação, uma vez que o código genético não é uma invenção humana.<br />

Deste modo, as patentes são utilizadas para impedir a realização de<br />

novos testes com tal gene e, de modo geral, frear o desenvolvimento do<br />

conhecimento científico para maximizar ganhos particulares. Segundo<br />

matéria publicada no New York Times em 2007, um teste para câncer<br />

de mama poderia passar de mil a três mil dólares, por conta do valor<br />

imposto pelo detentor da patente do gene. Devido a um entendimento<br />

77<br />

:(){ <strong>Copyfight</strong> :|: <strong>Pirataria</strong> & <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> };:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!