:(){ Copyfight :| Pirataria & Cultura Livre };
COPYFIGHT_web
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investem seu tempo de vida produzindo gratuitamente conteúdos e relações<br />
que posteriormente serão apropriados e vendidas por empresas<br />
e novos intermediários privados.<br />
Neste sentido, <strong>Copyfight</strong> remete a um espaço de disputa complexo<br />
e indeterminado, sempre em aberto. A questão, por vezes reduzida<br />
a debates do tipo “legalistas e piratas” ou “criadores e consumidores”,<br />
emerge agora através de disputas múltiplas e cheias de nuances. Sem<br />
pretender esgotar a riqueza do tema ou mesmo suas ambiguidades peculiares,<br />
como as novas relações sociais que se popularizaram nas últimas<br />
décadas, os textos a seguir trazem à tona críticas e práticas ainda<br />
pouco debatidas no âmbito da cultura livre e da pirataria, mostrando a<br />
insuficiência da compreensão dessas disputas a partir do pensamento<br />
dicotômico do “copyright VS copyleft”.<br />
Trata-se assim de uma reflexão-ação que vai além do licenciamento<br />
como ferramenta de luta ou parte dos processos criativos, avançando<br />
sobre outros âmbitos das relações sociais que são atravessadas pela<br />
pirataria e a cultura livre. <strong>Copyfight</strong> questiona inclusive o próprio copyleft<br />
e a ampla gama de licenças Creative Commons quanto às suas<br />
respectivas potências de transformação das condições de exploração e<br />
desigualdade. Entendemos que cultura livre não é de forma alguma realizada<br />
apenas com licenças livres, mas com a democratização radical<br />
dos meios de comunicação/produção e a contínua radicalização democrática<br />
das novas formas de entender a cooperação e a apropriação<br />
da tecnologia, da cultura e do conhecimento.<br />
Assumimos assim que não se concretizará a utopia digitalista, que<br />
prega que o sistema técnico – digital – iria naturalmente acabar com<br />
a exploração e a desigualdade, trazendo melhores condições de vida<br />
para todos. Por outro lado, porém, tampouco adotamos uma postura<br />
tecnofóbica, que encara as novas tecnologias como algo ruim em<br />
si. Entendemos que o funcionamento do capitalismo atualmente se<br />
adapta às novas formas de produção em rede, quiçá de modo mais eficiente<br />
e sinergético que os modelos antigos. Deste modo, não são as<br />
tecnologias por si que irão alterar o contexto político, mas suas apropriações<br />
por parte dos distintos sujeitos e principalmente seu aspecto<br />
coletivo, social e transversal.<br />
Assim, o objetivo do livro não é difundir uma visão única ou uma<br />
proposta acabada para as questões atuais acerca da cultura livre e da<br />
pirataria; mas sim desvelar uma multiplicidade de reflexões e práticas<br />
que não se constituem como totalidade derivada da soma de suas<br />
partes, tampouco uma totalidade originária que unificaria todos os<br />
pontos de vista em uma ideologia restauradora. Os conteúdos a seguir<br />
são como pedaços de quebra-cabeças de diferentes coleções de<br />
onde sempre sobram (e faltam) partes. O livro é constituído assim com<br />
conteúdos elaborados em locais e momentos diferentes, que dispostos<br />
conjuntamente reconstituem e atualizam o debate sobre a cultura livre<br />
3<br />
:(){ <strong>Copyfight</strong> :|: <strong>Pirataria</strong> & <strong>Cultura</strong> <strong>Livre</strong> };: