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5. O Ready-Made é<br />

um termo cunhado<br />

por M. Duchamp em<br />

1915 que, de forma<br />

resumida, consistia na<br />

escolha de um objeto<br />

pronto o mais neutro<br />

possível dentro de<br />

sua subjetividade, e<br />

inseri-lo no circuito<br />

da arte.<br />

6. Duchamp contrapõe<br />

a arte e a pintura<br />

retiniana em oposição<br />

á arte que visa a<br />

idéia, o conceito.<br />

7. BENJAMIN, W.<br />

(1936). A obra de<br />

arte na era de sua<br />

reprodutibilidade<br />

técnica. São Paulo:<br />

Brasiliense, 1985.<br />

tes novidades que radicalizariam para sempre o debate das bases da<br />

arte, reverberando até hoje na crise conceitual das fronteiras entre arte<br />

e design. Quando Marcel Duchamp resolve ironizar o circuito das artes<br />

exibindo objetos no começo do século XX, como o “Mictório invertido”<br />

(1917), o “Secador de garrafas” (1914) e “A roda de bicicleta” (1913), ele<br />

simplesmente desintegra a noção tradicional de arte e imediatamente<br />

abre caminho para os “objetos prontos” 5 na produção dadaísta e surrealista,<br />

ideias de apropriações que vão se transformando e influenciam<br />

os movimentos sucessores minimalistas, arte cinética, arte pop, até se<br />

desdobrar na arte conceitual de forma mais aprofundada.<br />

Claramente, entre tantos debates que surgem após o vanguardismo<br />

de Duchamp, o questionamento da áurea da arte e da própria noção<br />

de artista como virtuoso técnico, árduo fazedor de obras, é de imensa<br />

importância. Estava provocando as intocáveis estruturas das Bellas Artes<br />

desequilibrando o mais sagrado dos pilares: o autor. Ao questionar<br />

o sistema da arte, visionava repensar a arte como ideia mais do que<br />

apenas forma, Marcel Duchamp trouxe questões subjacentes em voga<br />

ainda quase um século mais tarde, tais como as relações entre arte e indústria,<br />

arte e design, arte e tecnologia e os temas da reprodutibilidade<br />

técnica, que tanto preocupava o tacanho mundo das artes da época.<br />

Se o surgimento da fotografia foi emblemático como capacidade<br />

do homem tecnológico em reproduzir a natureza, o que para muitos<br />

foi o fim da pintura, outros viram nela a chance de libertar a arte de<br />

representar o que se vê, de livrar a arte daquilo que Duchamp chamava<br />

de arte “retiniana” 6 . De qualquer forma, a tecnologia da fotografia já<br />

avançava o debate crítico da reprodução técnica e foi um grande ponto<br />

de partida para a ponte entre arte e tecnologia, entre arte e indústria.<br />

Não à toa, o ensaísta Walter Benjamin dedica todo um ensaio sobre<br />

a questão da reprodutibilidade técnica. 7 Benjamin via na natureza técnica<br />

humana o grande diferencial da espécie. A arte passa, então, a ser<br />

evidentemente relacionada e influenciada pela indústria, pela capacidade<br />

de produzir objetos em série.<br />

Com exceção de obras gráficas, onde se expandiu uma vasta tecnologia<br />

de cópias, e de fato seriou e difundiu muitas obras; os objetos<br />

de arte tridimensionais ainda não passaram pela experiência da produção<br />

em larga escala. Apesar do esforço da Bauhaus em unir arte e<br />

vida tomando o design como ponto de encontro, o que é visto hoje são<br />

manifestações artísticas que fazem extenso uso de objetos industrializados<br />

ou incluem a participação de máquinas em alguma parte do<br />

processo; obras com temáticas e preocupações em comum com o design<br />

contemporâneo; e obras que adotam a linguagem do projeto que<br />

ironicamente sugerem uma utilidade e uma produção em série. Paralelamente<br />

ao jogo de influências que a arte e a indústria começam a ter,<br />

outra fundamental demanda da arte contemporânea que também tem<br />

Duchamp como catalisador é a participação do espectador como inte-<br />

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