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confusão artística. Enquanto desenvolvimento de interesses estéticos<br />

próprios, essa confusão pode ser percebida como uma forma de<br />

apropriação do conteúdo que não consegue direcionar o assunto para<br />

questões que o inspiraram.<br />

A falta de contexto<br />

Quando estamos diante de novos objetos e concepções, a proposta<br />

e a origem de sua existência raramente se encontram materializadas<br />

neles. Como consequência, para compreendê-los normalmente tentamos<br />

associá-los ou ligá-los a objetos e conceitos já conhecidos, bem<br />

como ter acesso ao contexto verbal deles. No final, o que faz novos objetos<br />

e conceitos valiosos é precisamente determinado pela quantidade<br />

e natureza dessas fontes de informação ao redor deles.<br />

Agora, o que parece ser uma rede de relações abstrata e vaga entre<br />

diferentes elementos pode ser na verdade definida muito concretamente.<br />

Por exemplo, e como ilustrado em trabalhos literários, o termo<br />

paratexto foi cunhado por Gérard Genette para esse propósito. Isso objetiva<br />

destacar e tornar tangível essa informação circundante dentro<br />

do âmbito da poesia. Em termos de funcionalidade, os elementos do<br />

paratexto têm o dever específico de contextualizar o texto ao qual se<br />

referem e são descritos por Genette da seguinte maneira:<br />

[...] definir um elemento do paratexto consiste em determinar<br />

sua posição (a questão “onde?”), sua data de aparição e, mais<br />

tarde, de desaparecimento (“quando?”), seu modo de existência,<br />

verbal ou outro (“como?”), as características de seu ato<br />

comunicativo, o remetente e o destinatário (“de quem?” “Para<br />

quem?”) e as funções quem dão propósito para sua mensagem<br />

(“de que isso serve?”). [GENETTER, 261]<br />

Pegando como exemplo o objeto livro, Genette continua e explica<br />

que o elemento do paratexto compreende também duas categorias<br />

espaciais. O peritexto existe “em volta do texto, no espaço do mesmo<br />

volume, como um título ou o prefácio, e às vezes inserido dentro de<br />

pequenas frestas do texto, como títulos de capítulos ou certas notas”.<br />

O segundo tipo, epitexto, é “situado, pelo menos em sua origem, fora<br />

do livro: geralmente com o apoio da mídia (entrevistas, conversas), ou<br />

sob a proteção de comunicações privadas (correspondências, diários<br />

particulares e assim por diante).”<br />

O papel do paratexto é tão importante que sua existência pode<br />

até, em alguns casos, sobrepor o próprio texto. Em conversa com Jean<br />

Claude Carrière, Umberto Eco confessou não ter lido Guerra e paz, de<br />

Leon Tolstoi, até os quarenta anos. Ainda assim, ele afirmou que nessa<br />

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