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tual improdutivo. Pode até ser um trabalho assalariado, mas ele não<br />

produz mais-valia, por não haver separação entre o ato de produzir e<br />

seu resultado. Para Marx, esse tipo de trabalho intelectual não é apenas<br />

improdutivo; este tipo de trabalho também contém elementos de tipo<br />

servil, pois funciona com base em prestações pessoais, prestações de<br />

serviços! Os executores virtuosos são, pois, improdutivos, embora seu<br />

trabalho seja de tipo servil.<br />

Para Virno, o que caracteriza a transformação do trabalho na passagem<br />

do fordismo ao pós-fordismo é que a execução virtuosa – quer<br />

dizer a práxis – se torna o paradigma de todo e qualquer tipo de produção.<br />

No capitalismo contemporâneo, a atividade sem obra deixa<br />

de ser a exceção e se transforma em protótipo do trabalho em geral.<br />

Walter Benjamin tinha analisado esse deslocamento já na Era da reprodutibilidade<br />

técnica da obra (de arte) e o tinha colocado numa<br />

perspectiva oposta daquela adotada pelos seus colegas da Escola de<br />

Frankfurt. Ao passo que estes enxergavam na sociedade de produção<br />

e consumo em massa a perda de aura e de autenticidade da obra,<br />

Benjamin apreendia a transmutacão política e social da própria aura<br />

e da própria autenticidade e aprendia os novos desafios culturais<br />

para os projetos de emancipação social. Diante do fascismo que estetizava<br />

a política, Benjamin, apontava para a necessidade do movimento<br />

comunista “politizar a arte”.<br />

Benjamin afirmava: “o número muito mais elevado de participantes<br />

provocava uma participação de tipo diferente”. Assim como<br />

“o desvio quantitativo” ligado à reprodutibilidade técnica da obra de<br />

arte determinava uma “alteração qualitativa da natureza da obra de<br />

arte”, o trabalho colaborativo em rede implica hoje numa mudança<br />

radical do estatuto do trabalho e da obra. Uma mudança que atualiza<br />

e radicaliza a antecipação benjaminiana: na Era da reprodutibilidade<br />

técnica da obra de arte, “a diferença entre autor e público está prestes<br />

a perder seu caráter fundamental” e o “leitor está sempre pronto a<br />

tornar-se escitor”.<br />

O que está no cerne da produção é uma ação que é ao mesmo<br />

tempo pública e criativa. A práxis virtuosa tornou-se o paradigma do<br />

trabalho em geral, pois hoje em dia o trabalho é comunicativo, linguístico,<br />

afetivo. A base desse trabalho é a partitura constituída pelo que<br />

Marx chamava de General Intellect e Benjamin definia como um bem<br />

comum constituído por uma “formação politécnica”. Este é o trabalho<br />

que encontramos nos serviços, nas prestações de serviço das quais depende<br />

a produção de valor, inclusive dos bens materiais que se tornaram<br />

suportes de formas de vida (mundos). Estamos muito próximos<br />

da condição da criação artística, quer dizer da definição proposta por<br />

Negri da noção de “belo”: produção de excedente de ser, a partir de um<br />

trabalho livre. O “belo” é novo ser construído pelo trabalho colaborativo,<br />

coletivo das redes e nas redes.<br />

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