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terial para difusão e circulação nas intranets. Mas Lessig inverteu totalmente<br />
a regra do copyright de no copy, onde só se pode copiar quem<br />
paga. Ele inverteu esse processo, dizendo que a regra geral deve ser “livre<br />
circulação” porque a criação literária ou o ensino funciona sempre<br />
com uma difusão geral. Para impedir mecanismo de predação da Terra<br />
Nullius, da terra da cultura, é preciso introduzir limitações. Assim, no<br />
mundo dos Creative Commons são criados mecanismos para dificultar<br />
essa predação das obras. Esses mecanismos vão desde licenças Creative<br />
Commons exatamente iguais a uma licença copyright tradicional até a<br />
introdução de somente algumas limitações como: você não pode fazer<br />
uso comercial; você não pode reproduzir sem a autorização do autor;<br />
tem que mencionar o autor; você não pode modificar etc.<br />
Vamos dar um exemplo de como isso é importante. Você resolve<br />
fazer um manifesto político. Primeiro, você coloca em um wiki para escrever<br />
e ter colaborações do máximo de pessoas possíveis, gente que<br />
compartilha as mesmas ideias que você. Mas depois de certo ponto,<br />
você precisa e quer apoio ao texto do manifesto. Daí você vai fechar<br />
para modificação, porque as pessoas não vão querer dar apoio a um<br />
manifesto e ver quatro dias depois que mudou tudo. Então faz sentido<br />
que você coloque uma licença, que permita a copiar e distribuir sem<br />
pagar nada, mas com a condição de que ao distribuir se tenha que dizer<br />
a origem e quem criou o texto, quem fez. Ou seja, o manifesto pode<br />
circular por milhares de pessoas, mas com a condição de não sofrer<br />
modificações. Se olharmos para os poetas contemporâneos, na maioria<br />
dos casos eles gostam que suas obras sejam difundidas, mas não<br />
parecem gostar muito que as obras sejam totalmente “livres”. Obviamente,<br />
não estou falando aqui dos criadores que vão pegar essa obra,<br />
“comê-la” e fazer outra coisa totalmente diferente − o que eu chamaria<br />
de direito de trituração, de canibalização. Para mim, a arte de criação<br />
tem o direito de canibalizar tudo, sem restrição alguma. Com esses<br />
exemplos quis demonstrar como o Creative Commons foi bem pensado<br />
para a questão da literatura. Primeiro porque não existe uma produção<br />
pessoal, singular. Existe somente uma produção coletiva, então a<br />
ideia de fechar (enclosures), dizendo: “Não, agora você não pode mais<br />
modificar”, é bem idiota para os programas de computador. Só que não<br />
é tão idiota assim para a literatura, para a criação. Mas é idiota para<br />
a pedagogia, porque na pedagogia da linguagem você tem que deixar<br />
os usuários todas as possibilidades de produzir, fazer ensaios etc. Sendo<br />
inclusive necessário isso. Os Creative Commons são bem pensados<br />
para a literatura, mas não funcionam tão bem no caso de outras artes,<br />
sendo inclusive problemático aplicar o Creative Commons nelas.<br />
Porque o Creative Commons não é opensource. O Creative Commons<br />
não é copyleft. É o mesmo espírito do copyleft, mas com outro objeto.<br />
A questão na arte é que as restrições bem mecânicas do Creative<br />
Commons sobre o uso comercial e a não modificação da obra cria um<br />
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