As tensões temporais em Mrs Dalloway
As tensões temporais em Mrs Dalloway
As tensões temporais em Mrs Dalloway
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
107<br />
But was it Lady Bruton? (whom she used to know). Was it<br />
Peter Walsh grown grey? Lady Rosseter asked herself (who had been<br />
Sally Seton). It was old Miss Parry certainly – the old aunt who used<br />
to be so cross when she stayed at Bourton. Never should she forget<br />
running along the passage naked, and being sent for by Miss Parry!<br />
And Clarissa! Oh Clarissa! Sally caught her by the arm.<br />
Clarissa stopped beside th<strong>em</strong>.<br />
‘But I can’t stay,’ she said. ‘I shall come later. Wait,’ she said,<br />
looking at Peter and Sally. They must wait, she meant, until all these<br />
people had gone. 228<br />
No decorrer desta passag<strong>em</strong>, Lady Rosseter, que não é mais a Sally, d<strong>em</strong>onstra a<br />
passag<strong>em</strong> da t<strong>em</strong>poralidade cronológica. <strong>As</strong> pessoas já não são mais qu<strong>em</strong> elas eram, salvo<br />
Miss Parry e Clarissa. Nelas, parece haver algo de uma permanência, talvez pela atualização<br />
constante que ambas faz<strong>em</strong> das l<strong>em</strong>branças passadas. Pois, se as experiências passadas<br />
tend<strong>em</strong> a tornar<strong>em</strong>-se presentes – como é o caso da Clarissa -, o que se era então, continua<br />
sendo. No presente da festa, Clarissa pede que Sally e Peter a esper<strong>em</strong>, até o derradeiro fim da<br />
festa, ou até o momento <strong>em</strong> que todos tiver<strong>em</strong> ido <strong>em</strong>bora. <strong>As</strong>sim, há uma suspensão<br />
t<strong>em</strong>poral: um vazio presente que visa um acontecimento futuro. Sally e Peter dev<strong>em</strong> esperar<br />
Clarissa no t<strong>em</strong>po vazio da prorrogação. Os dois se cumprimentam e ri<strong>em</strong> sobre o passado <strong>em</strong><br />
Bourton; a sensação de estar<strong>em</strong> conversando ali, naquele momento, parecia tão familiar. Sally<br />
dividiu seu passado com Peter e Clarissa. Era impossível que a força deste t<strong>em</strong>po passado,<br />
t<strong>em</strong>po impregnado de afeto, não se tornasse presente. “A part of this Sally must always be;<br />
Peter must always be” 229 , assim pensou Clarissa, equanto observava os dois. Ela ainda não<br />
podia ficar com eles, pois lá estavam os Bradshaw, de qu<strong>em</strong> Clarissa não gostava n<strong>em</strong> um<br />
pouco. Ela deveria falar com Lady Bradshaw, apesar da hesitação, quando foi antecipada pela<br />
mesma, que dizia que quase não tinham vindo à festa, <strong>em</strong> função do atraso. Sir William<br />
conversava com Richard:<br />
Why did the sight of him, talking to Richard curl her up? He<br />
looked what he was, a great doctor. A man absolutely at the head of<br />
his profession, very powerful, rather worn. For think what cases came<br />
before him – people in the uttermost depths of misery; people on the<br />
228 Id<strong>em</strong>. “Mas seria Lady Bruton? (com qu<strong>em</strong> já tivera relações). Seria Peter Walsh, de cabelo grisalho?<br />
indagava consigo Lady Rosseter (que fora Sally Seton). E aquela, s<strong>em</strong> dúvida, era Miss Parry, a velha tia tão<br />
rabugenta quando ela, Sally, estivera <strong>em</strong> Bourton. Jamais esqueceria o dia <strong>em</strong> que correra nua pelo corredor e<br />
Miss Parry a mandara chamar! E Clarissa! Oh, Clarissa! Sally pegou-lhe o braço. Clarissa deteve-se ante eles.<br />
– Mas não posso ficar – disse ela. – Virei mais tarde. Esper<strong>em</strong> – disse, olhando para Peter e Sally. Deviam<br />
esperar, queria ela dizer, até que toda a gente houvesse ido <strong>em</strong>bora”. p. 173-174.<br />
229 Id<strong>em</strong>, p. 132. “Sally seria s<strong>em</strong>pre uma parte disso tudo; Peter também”. p. 175.