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As tensões temporais em Mrs Dalloway

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possível resgatar o conceito de m<strong>em</strong>ória no t<strong>em</strong>po da durée como uma das condições de<br />

criação do indivíduo sobre o meio, ou sobre a t<strong>em</strong>poralidade histórica e cronológica que o<br />

determinam. O mesmo ocorre com a idéia foucaultiana de poder: sua relação de forças é<br />

s<strong>em</strong>pre instável, sendo assim, a possibilidade de novas configurações sociais é eterna, tal<br />

como o t<strong>em</strong>po é feito puramente do presente. De acordo com Deleuze 57 , a condição para que<br />

estas forças saiam de um movimento mais padronizado e cri<strong>em</strong> novas direções é quando<br />

retornam a si mesmas, desviando do fluxo insistente e direcionado de sua padronização. Em<br />

<strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong>, os sons do Big Ben conduz<strong>em</strong> os personagens que habitam e percorr<strong>em</strong> a<br />

materialidade da metrópole londrina, efetuando o condicionamento de suas ações.<br />

Simultaneamente, a força de sua d<strong>em</strong>arcação se esvai, e neste hiato de liberdade, a<br />

t<strong>em</strong>poralidade se abre, permitindo novas configurações às singularidades. A t<strong>em</strong>poralidade<br />

cronológica representa, <strong>em</strong> seu próprio funcionamento, sua desfiguração. Os círculos do Big<br />

Ben dissolv<strong>em</strong> sua soberania na abertura ilimitada do céu, fazendo aparecer a magnitude do<br />

ser-t<strong>em</strong>po.<br />

1. 4 T<strong>em</strong>poralidade do afeto<br />

Na tentativa de compreender a relação entre o corpo e o espírito, Bergson parte da<br />

inserção do indivíduo no espaço que o rodeia, já que o ser humano t<strong>em</strong> como função<br />

primordial adaptar-se ao seu meio, ou seja, agir e sofrer reações dentro dele. <strong>As</strong> percepções<br />

que o indivíduo retém do meio externo são escolhidas por ele, <strong>em</strong> termos de sua utilidade para<br />

que sua adaptação se realize. Elas são capturadas através de seus movimentos motores e<br />

estendidas ao seu espírito - conservando-se <strong>em</strong> forma de m<strong>em</strong>ória - ou de imagens a<br />

tornar<strong>em</strong>-se novamente úteis. Para Bergson, o corpo do indivíduo é também uma imag<strong>em</strong> no<br />

mundo material - constituído de imagens - assim, sua reação reflete imagens sobre a ação da<br />

imag<strong>em</strong> recebida.<br />

[...] [imagens] são movimentos, no interior do meu corpo,<br />

destinados a preparar, iniciando-a, a reação de meu corpo à ação dos<br />

objetos exteriores. Sendo eles próprios imagens, não pod<strong>em</strong> criar<br />

imagens; mas marcam a todo momento, como faria uma bússola que<br />

57 DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988.<br />

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