As tensões temporais em Mrs Dalloway
As tensões temporais em Mrs Dalloway
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luxury in it, an isolation full of sublimity; a freedom which the<br />
attached can never know. 123<br />
A idéia da efetivação da morte, através do suicídio, torna-se presente no mesmo<br />
momento da afirmação de sua inevitável e breve conseqüência. Apesar disso, a vida ainda t<strong>em</strong><br />
valor para Septimus. Sua morte, ou a finalização destas mortes que ele já sofreu, está<br />
chegando, mas este ainda não é o seu momento. Este t<strong>em</strong>po do limiar da vida é<br />
experimentado por Septimus <strong>em</strong> forma de luxúria e de sublimação, representando uma<br />
liberdade que só seria possível aos indivíduos realmente solitários, como ele. No decorrer do<br />
t<strong>em</strong>po das horas, a morte e seus mortos aparec<strong>em</strong> com maior freqüência para Septimus e os<br />
efeitos desses contatos - nada normais – d<strong>em</strong>andavam a intervenção do médico. Dr Holmes<br />
fora chamado pela última vez - não por reconhecer a ineficiência de seu método e a<br />
ignorância de seu saber, mas por achar que não havia confiança depositada nele – e resolveu<br />
encaminhar o casal Warren Smith à Harley Street, especificamente ao renomado médico Sir<br />
William Bradshaw.<br />
It was precisely twelve o’clock; twelve by Big Ben; whose<br />
stroke was wafted over the northern part of London; blent with that of<br />
other clocks, mixed in a thin ethereal way with clouds and wips of<br />
smoke and died up there among the seagulls – twelve o’clock struck<br />
as Clarissa <strong>Dalloway</strong> laid her green dress on her bed, and the Warren<br />
Smiths walked down Harley Street. Twelve was the hour of their<br />
appointment. 124<br />
O Big Ben, que marca a exatidão das horas e da ação dos indivíduos nesta passag<strong>em</strong>,<br />
d<strong>em</strong>onstra também suas falhas enquanto força imperativa. Neste momento, a força<br />
cronológica que concorda com a força do hábito perde sua característica de total determinação<br />
t<strong>em</strong>poral. O som do Big Ben se mistura aos sons de outros relógios, que se misturam na<br />
imensidão da eternidade do presente do ser-t<strong>em</strong>po. A narrativa, <strong>em</strong> sua abertura, efetua o<br />
encontro entre Septimus e Clarissa, instaurando um ponto de contato entre eles que será<br />
123 Id<strong>em</strong>, p. 68-69. “Estava, pois, abandonado. Todos lhe bradavam: Mata-te, mata-te, para salvação nossa. Mas<br />
por que devia matar-se por eles? Comer era agradável; o sol aquecia; e isso de matar-se, como é que se fazia?<br />
Com uma faca, terrivelmente, entre golfadas de sangue? <strong>As</strong>pirando gás? Estava d<strong>em</strong>asiado fraco; mal podia<br />
erguer a mão. De resto, agora que estava completamente só, condenado, abandonado, como estão sozinhos os<br />
que vão morrer, sentia uma liberdade que nunca pod<strong>em</strong> conhecer os que estão ligados ao que quer que seja”. p.<br />
90.<br />
124 Id<strong>em</strong>, p. 69. “Eram precisamente doze horas; doze, pelo Big Ben; cujo sonido foi sendo arrastado para o norte<br />
de Londres; mesclando-se com o de outros relógios, confundindo-se, etereamente, com as nuvens e espiras de<br />
fumo, e indo afinal morrer além, entre as gaivotas – doze horas quando Clarissa <strong>Dalloway</strong> estendia o vestido<br />
verde sobre a cama e os Warren Smith desciam Harley Street. Às doze; a hora da consulta”. p. 92.<br />
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