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As tensões temporais em Mrs Dalloway

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<strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong> é um romance s<strong>em</strong> conclusão. Sua narrativa aberta possibilita ao leitor<br />

visualizar e experimentar novos espaços de vida, novos t<strong>em</strong>pos a ser<strong>em</strong> vividos. É um<br />

romance que oferece diversas possibilidades de leitura, variados pontos de vista, inúmeras<br />

interpretações e s<strong>em</strong>pre novas conclusões. Como recorte necessário para que qualquer análise<br />

fosse feita, resolvi trabalhar com a questão t<strong>em</strong>poral abordada pelo mesmo. A divisão do<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> ser-t<strong>em</strong>po e nas três t<strong>em</strong>poralidades serve apenas para a descrição dos mesmos; no<br />

romance, todos estes t<strong>em</strong>pos estão imbricados e participam efetivamente da trajetória de<br />

Septimus e Clarissa. Em alguns momentos, descritos nos capítulos dedicados a eles, a tensão<br />

recai com mais força sobre alguma t<strong>em</strong>poralidade, mas elas constitu<strong>em</strong>-se umas às outras.<br />

Virginia Woolf constrói o universo de <strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong> através do “fluxo de consciência”, no<br />

qual todas as vozes obtêm um espaço narrativo singular <strong>em</strong> um locus social, por isso também<br />

a existência de um tipo de relação entre Septimus e Clarissa. Neste sentido, <strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong> é<br />

uma narrativa de ord<strong>em</strong> política; d<strong>em</strong>onstra a existência de todos os fluxos e forças no mesmo<br />

local e, assim, valoriza o campo das diferenças como constituintes da plenitude do momento.<br />

Este tipo de narrativa oferece uma verdadeira força de transmissão, para além do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

que foi escrita; possibilitando à Virginia Woolf um locus extra-t<strong>em</strong>poral e, por isso, s<strong>em</strong>pre<br />

atual. Ao caminhar com Septimus e Clarissa, o leitor t<strong>em</strong> acesso às <strong>tensões</strong> do t<strong>em</strong>po que<br />

também o constitu<strong>em</strong>, e consegue visualizar – experimentar – que a durabilidade do t<strong>em</strong>po, e<br />

da vida, é singular, podendo ser mais extensa ou intensa. Como na grande teia da vida não há<br />

fim, apenas caminhos que estão sendo traçados, <strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong> constitui-se <strong>em</strong> um romance<br />

s<strong>em</strong> início e s<strong>em</strong> conclusão.<br />

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