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As tensões temporais em Mrs Dalloway

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presente, lugar do ser-t<strong>em</strong>po. Tal narrativa de Woolf transita pelas t<strong>em</strong>poralidades abordadas<br />

neste capítulo – histórica, cronológica e afetiva – mas sua verdadeira força está <strong>em</strong> mostrar<br />

que a existência de seus personagens acontece na tensão agonística t<strong>em</strong>poral. A vida se faz<br />

constant<strong>em</strong>ente nesta rede de diversas t<strong>em</strong>poralidades e, apesar de ser vivida e sentida muitas<br />

vezes <strong>em</strong> sua solidão, os indivíduos que nela se inser<strong>em</strong> estão conectados no presente – eterno<br />

- de suas existências. Em <strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong>, a t<strong>em</strong>poralidade do afeto é a t<strong>em</strong>poralidade das<br />

singularidades, ou seja, a maneira como cada um dos personagens se relaciona com as<br />

t<strong>em</strong>poralidades que o atravessam e que são atravessadas por ele. O t<strong>em</strong>po, então, torna-se<br />

relativo. Ás vezes é vivido <strong>em</strong> sua pontualidade direcionadora, d<strong>em</strong>onstrando sua falta de<br />

sentidos ou seu vazio. Outras vezes, a experiência na plenitude de seus momentos faz<br />

transparecer a magnitude da existência no ser-aí do t<strong>em</strong>po. É então que o vazio se torna<br />

abertura, prenhe de sentidos e possibilidades.<br />

1.5 Virginia Woolf no t<strong>em</strong>po<br />

Com a intenção de contextualizar a t<strong>em</strong>poralidade histórica de Virginia Woolf e<br />

d<strong>em</strong>onstrar as <strong>tensões</strong> <strong>t<strong>em</strong>porais</strong> vividas pela mesma, utilizo como referência a biografia de<br />

Quentin Bell 70 . Virginia Woolf suicidou-se no ano de 1941, na t<strong>em</strong>poralidade histórica que<br />

d<strong>em</strong>arcava o acontecimento da Segunda Guerra Mundial. Nascida na cidade de Londres, no<br />

ano de 1882, Adeline Virginia Stephen teve como herança a linhag<strong>em</strong> de escritores advinda<br />

da família de seu pai, Leslie Stephen. Todos os Stephen trabalhavam com a língua inglesa. A<br />

família de sua mãe – Julia Pattle – era menos intelectual; marcava-se, especificamente, pela<br />

beleza que de vez <strong>em</strong> quando “encarnava” <strong>em</strong> algumas das mulheres. Os pais de Virginia<br />

Woolf não pertenciam à alta classe da sociedade britânica. Eram considerados, de acordo com<br />

Quentin Bell, da seção inferior da classe média, mas tinham vínculos com a sociedade<br />

intelectual de Londres. No t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que ela nascera “[...] era considerado certo os meninos<br />

freqüentar<strong>em</strong> escolas públicas, depois Universidade de Cambridge. Quanto às meninas,<br />

seriam preparadas de maneira adequada e depois se casariam” 71 . Sua mãe, ao ocupar este<br />

lugar “adequado” à mulher, viveu principalmente <strong>em</strong> função do seu marido, o que a levou ao<br />

esgotamento físico.<br />

70 BELL, Quentin. Virginia Woolf. Uma biografia. 1882-1941. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.<br />

71 Id<strong>em</strong>, p. 48.<br />

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