As tensões temporais em Mrs Dalloway
As tensões temporais em Mrs Dalloway
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CONCLUSÃO<br />
<strong>Mrs</strong> <strong>Dalloway</strong> é um romance s<strong>em</strong> conclusão. É feito de um interminável meio, de um<br />
processo narrativo que faz com que a passag<strong>em</strong> de um único dia – contabilizado pela<br />
sonoridade do Big Ben -, se amplifique <strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po qualitativo, s<strong>em</strong> limite mensurável <strong>em</strong><br />
sua duração, constituinte das experiências singulares dos personagens que ali se criam.<br />
Nascida na Inglaterra no final do século XIX, Virginia Woolf inscreve <strong>em</strong> sua narrativa – e na<br />
vida dos personagens -alguns acontecimentos característicos desta t<strong>em</strong>poralidade histórica,<br />
como os efeitos da Revolução Industrial, do funcionamento da metrópole, da regência do Big<br />
Ben e da barbárie da Primeira Guerra Mundial. Inseridos neste meio possível, os personagens<br />
de Septimus Warren Smith e Clarissa <strong>Dalloway</strong> faz<strong>em</strong>-se mais “verdadeiros” ao leitor, pois<br />
representam e reflet<strong>em</strong> indivíduos desta t<strong>em</strong>poralidade. O Big Ben, representante da<br />
t<strong>em</strong>poralidade cronológica, atravessa a narrativa sinalizando uma tensão t<strong>em</strong>poral interna;<br />
pontua repetidamente a força do hábito, mas depois dissolve seu som pelo ar. Tal relógio<br />
d<strong>em</strong>onstra uma função condizente à produção do comportamento massificado dos indivíduos<br />
de Londres, enquanto denota a abertura s<strong>em</strong>pre existente de novas configurações. Septimus e<br />
Clarissa são condicionados por essas forças históricas e cronológicas que se espalham pelo ar<br />
e afetam suas subjetividades. A t<strong>em</strong>poralidade do afeto engloba um t<strong>em</strong>po íntimo e singular<br />
de cada um destes personagens. R<strong>em</strong>ete a um t<strong>em</strong>po qualitativo, <strong>em</strong> contraposição ao t<strong>em</strong>po<br />
quantitativo d<strong>em</strong>onstrado pela batida das horas e é representado pelo mecanismo da m<strong>em</strong>ória,<br />
que torna presente l<strong>em</strong>branças de experiências passadas. Septimus e Clarissas são tensionados<br />
pela imbricação entre essas três t<strong>em</strong>poralidades.<br />
O personag<strong>em</strong> de Septimus provém da experiência da guerra, logo, sua tensão<br />
t<strong>em</strong>poral específica diz respeito às t<strong>em</strong>poralidades histórica e afetiva. Mudo e s<strong>em</strong> sentido,<br />
condição peculiar do trauma de guerra, Septimus esvazia seus afetos, concomitant<strong>em</strong>ente à<br />
leitura do romance, até alcançar o ponto máximo de tensão t<strong>em</strong>poral, que o leva ao suicídio.<br />
No entanto, esta tensão conduz Septimus a uma nova agonia, <strong>em</strong> relação à t<strong>em</strong>poralidade<br />
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