PAZ, Octavio - Claude Lévi-Strauss ou o Novo - No-IP
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2. SÍMBOLOS, METÁFORAS E EQUAÇÕES.<br />
A POSIÇÃO E O SIGNIFICADO. ÁSIA, AMÉRICA E EUROPA.<br />
TRÊS TRANSPARENTES: O ARCO-ÍRIS, O VENENO E A<br />
DONINHA. O ESPÍRITO: ALGO QUE É NADA.<br />
Diante do mito, <strong>Lévi</strong>-<strong>Strauss</strong> adota uma posição francamente<br />
intelectualista e lamenta a preferência moderna pela vida afetiva, à qual<br />
atribui poderes que não tem: “É um erro acreditar que idéias claras<br />
podem nascer de emoções confusas”. 5 Critica também a fenomenologia<br />
da religião que trata de reduzir a “sentimentos informes e inefáveis”<br />
fenômenos intelectuais só aparentemente distintos dos de nossa lógica. A<br />
pretensa oposição entre pensamento lógico e pensamento mítico revela<br />
apenas a nossa ignorância: sabemos ler um tratado de filosofia mas não<br />
sabemos como devem ser lidos os mitos. Certo, temos uma clave – as<br />
palavras de que estão feitos – mas seu significado se nos escapa porque a<br />
linguagem ocupa no mito um lugar semelhante ao do sistema fonológico<br />
dentro da própria linguagem. <strong>Lévi</strong>-<strong>Strauss</strong> inicia sua demonstração com<br />
esta idéia: a pluralidade de mitos, em todos os tempos e em todos os<br />
espaços, não é menos notável que a repetição em todos os relatos míticos<br />
de certos procedimentos. O mesmo sucede no universo do discurso: a<br />
pluralidade de textos resulta da combinação de um número muito<br />
reduzido de elementos lingüísticos permanentes. Portanto, a elaboração<br />
mítica não obedece a leis distintas das lingüísticas: seleção e combinação<br />
de signos verbais. A distinção entre língua e fala, proposta por<br />
Ferdinand de Saussure, também é aplicável aos mitos. A primeira é<br />
sincrônica e postula um tempo reversível; a segunda é diacrônica e seu<br />
tempo é irreversível. Ou, como dizemos em espanhol Io dicho, dicho<br />
está”. O mito é fala, seu tempo alude ao que pass<strong>ou</strong> e é um dizer<br />
irrepetível; ao mesmo tempo, é idioma: uma estrutura que se atualiza<br />
cada vez que voltamos a contar a história.<br />
5 A. M. HOCART, citado por <strong>Lévi</strong>-<strong>Strauss</strong> em La structure des mythes.<br />
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<strong>Octavio</strong> Paz – <strong>Claude</strong> <strong>Lévi</strong>-<strong>Strauss</strong> <strong>ou</strong> o Festim de Esopo 17